PRESIDENTE DA CÂMARA REBATE DISCURSO E NEGA INTENÇÃO DE APROVAR ‘PAUTA-BOMBA’
Dilma alfineta países ricos ao dizer que ninguém pode reconstruir economia mundial isoladamente
DE BRASÍLIA
Preocupada com os efeitos do desempenho da economia sobre sua campanha à reeleição, a presidente Dilma Rousseff reiterou ontem o compromisso com a responsabilidade fiscal e cobrou empenho dos congressistas no controle das contas públicas.
Em mensagem encaminhada ao Congresso na abertura do ano legislativo, Dilma disse, ainda, que o Brasil tem as condições necessárias para enfrentar a crise financeira que atinge os emergentes.
A presidente cobrou indiretamente dos congressistas o freio na votação de projetos com impactos nas contas públicas, a chamada “pauta-bomba”, lembrando que em 2013 foi assinado um acordo com os líderes da base aliada pela responsabilidade fiscal.
“Manteremos, em 2014, uma gestão das contas públicas compatível com a continuidade da política de profundo compromisso com a responsabilidade fiscal, para o que contribuirá, entre outras medidas, o pacto que firmamos com as principais lideranças do Congresso.”
Pela manhã, a presidente já havia aproveitado solenidade de posse de quatro ministros para defender seu legado, em especial a política econômica, e prometer a conclusão de feitos do governo neste ano. Ela reforçou que “2014 será melhor do que 2013”.
O governo tem adotado um discurso para rebater a desconfiança do mercado nos rumos da política econômica.
“Num cenário internacional de grandes incertezas e desafios, nosso país mantém a estabilidade, o crescimento, o emprego, a renda e a redução das desigualdades”, disse a presidente no texto para o Congresso.
A mensagem provocou a reação do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que negou a intenção de aprovar projetos com impacto financeiro, a chamada “pauta-bomba”.
“Esta Casa jamais armaria bombas ou pautas-bombas’. O debate nesta Casa não é para armar, é para desarmar.”
Assim como fez no Fórum Econômico Mundial de Davos, Dilma disse que a disposição do governo é fazer a “convergência” da inflação para o centro da meta.
O centro da meta inflacionária é de 4,5%, com margem de tolerância de dois pontos.
Na mensagem, a petista ainda provocou os países ricos. “Há fortes indícios de que estejamos assistindo ao início da recuperação da economia dos países desenvolvidos, mas é evidente que nenhum país pode enfrentar isoladamente a tarefa de reconstrução da economia mundial.” (MÁRCIO FALCÃO, GABRIELA GUERREIRO, RANIER BRAGON E TAI NALON)
Fonte: Folha de S.Paulo