Dilma diz que equipe será anunciada de forma conjunta

    Por Bruno Peres e César Felício | De Brasília e São Paulo

    A presidente Dilma Rousseff afirmou que deverá anunciar mudanças no ministério de forma conjunta, sem antecipar a indicação de um sucessor para o atual ministro da Fazenda, Guido Mantega. Em entrevista à TV Record, a sua primeira na condição de presidente reeleita, Dilma reagiu com irritação ao ser perguntada sobre a possível nomeação do presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco. Depois de ressaltar que admira o executivo, Dilma ressaltou que não é o momento de se especular sobre alterações no governo. “Eu gosto muito do Trabuco, mas não acho que seja o momento nem a hora de discutir nomes do próximo governo. Eu não vou discutir um só ministro. Vou discutir o meu ministério”.

    Na entrevista, Dilma disse que queda da Bolsa registrada ontem fez parte de um movimento internacional. “É verdade que aqui caíram mais”, ponderou, referindo-se às ações.

    Dilma recusou-se a apresentar uma “lista de medidas” para impulsionar a economia do país ao ser questionada sobre o assunto durante a entrevista na Record. A presidente enfatizou a entrada de Investimento Externo Direto (IED) ao comentar a diferença da situação econômica do país atualmente em relação a 2002, quando o PT foi eleito para o governo federal pela primeira vez e teve de tomar algumas medidas consideradas impopulares. Dilma afirmou que não dirá para a população reduzir o consumo ao ser perguntada se 2015 será um ano mais difícil.

    “As medidas serão essas objetos de amplo diálogo. Temos que esperar o mercado acalmar. E vai acalmar”, disse a presidente.

    No “Jornal Nacional” da TV Globo, cerca de uma hora depois, Dilma afirmou que não irá esperar a conclusão do primeiro mandato para anunciar medidas e prometeu “abrir diálogo com todos os segmentos, com o mercado e fora do mercado”. A presidente assegurou que irá “colocar de forma muito clara” as medidas que pretende tomar nos próximos dois meses.

    A presidente prometeu rigor na punição de políticos que forem envolvidos nas investigações de corrupção na Petrobras. “Não vou deixar pedra sobre pedra”, garantiu a presidente, que descartou risco de instabilidade política caso sejam envolvidos dirigentes do PT e do PMDB no escândalo. “Não acredito em instabilidade política por se prender e condenar corruptos e corruptores. O que leva à instabilidade é a manutenção da impunidade”, disse Dilma.

    A presidente reiterou que irá apresentar uma proposta de reforma política com plebiscito, e mencionou com ênfase um ponto: a proibição de financiamento empresarial para campanhas políticas. Dilma deixou no ar a hipótese de negociar com o PSDB o fim da possibilidade de reeleição. “Tudo isso vai ser avaliado”, afirmou Dilma.

    Na entrevista à Globo Dilma foi mais enfática em acenar com o diálogo com forças que não a apoiaram na campanha presidencial. “Temos de ser capazes de garantir as mudanças que o país exige. A grande palavra é diálogo”, disse. Quando a apresentadora do telejornal pediu para a presidente dirigir uma mensagem aos expectadores, a presidente procurou desarmar espíritos. ” Depois de uma eleição temos que respeitar todos os brasileiros, os que votaram e os que não votaram em mim”, afirmou. (Colaborou Fernando Exman, de Brasília)

     

    Fonte: Valor Econômico

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