Dívida vai a R$ 2,18 tri

    O cenário de escalada do dólar ameaça a dívida pública bruta brasileira. Com a recente valorização da moeda norte-americana, a dívida federal saltou 0,65% em setembro, indo para R$ 2,18 trilhões. O estoque interno teve um leve aumento, de 0,19%, em razão de um aumento nos resgates líquidos. Mas é na dívida externa que se observou o maior aumento, 10,76%.

    “Hoje, o dólar bateu R$ 2,53 e ainda tem viés de alta nos próximos dias. A tendência é aumentar ainda mais”, afirmou o professor Fernando Zilveti, especialista em contas públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV). Quando a moeda norte-americana se valoriza, o valor devido pelo governo, cotado nessa divisa, também cresce.

    Segundo os dados divulgados ontem pelo Tesouro Nacional, o custo médio da dívida também aumentou. Os juros cobrados foram de 10,83% ao ano para 11,54%. “Isso significa que o governo está com mais dificuldade de captar. Está com menos credibilidade”, acrescenta Zilveti. Apesar disso, o prazo médio da dívida pública federal tem dado sinais positivos e aumentou de 4,47 anos em agosto para 4,5 anos. O número de papéis que devem vencer nos próximos 12 meses teve um leve avanço, foi de 25,91% para 26,21%.

     

    Recorde

    O percentual da dívida nas mãos de investidores não residentes no país continua atingindo números recordes: foi de R$ 390 bilhões, em agosto, para R$ 401 bilhões em setembro. Dessa forma, esse tipo de investidor detém 19,32% da dívida contra 18,8% do mês anterior. O interesse externo nos papéis brasileiros significa que o país ainda está pagando juros altos. O problema é que o número, maior a cada mês, pode representar uma ameaça à qualidade da dívida brasileira.

    “Ainda está longe de chegarmos a um percentual preocupante, mas é arriscado ter a maioria de participação estrangeira na dívida. Quando acontece um problema no país, eles são os primeiros a sair e fica mais difícil rolar a dívida”, analisou a professora Margarida Gutierrez, especialista em contas públicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

    Conforme o Tesouro, o órgão não trabalha com um limite e não vê o crescimento como uma ameaça. “Na comparação com outros países, esse percentual ainda é baixo. Não traz preocupação”, assegurou o coordenador-geral de Operações da dívida pública, Fernando Garrido.

    A turbulência do processo eleitoral levou o Tesouro a suspender, da tarde de sexta-feira até a manhã de ontem, a venda de títulos públicos. Conforme Garrido, a medida é rotineira e ocorre sempre que há alguma instabilidade no mercado.

     

    Fonte: Correio Braziliense

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