Dilma pede para aliados rejeitarem projetos que elevem gastos do governo

    João Domingos Tânia Monteiro / Brasília

    Preocupada com o delicado momento econômico do País, a presidente Dilma Rousseff pediu ontem socorro aos líderes dos partidos da base aliada do governo no Congresso para que façam um pacto pela responsabilidade fiscal e evitem aprovar propostas que estourem a meta de despesas do governo. “A presidente mostrou muita preocupação. Pediu para os partidos da base aliada não votarem projetos que possam comprometer o equilíbrio fiscal”, disse o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), que participou da reunião.

    Para fazer o pacto, Dilma aceitou reunir o Conselho Político do governo – formado pelos presidentes da Câmara e do Senado e pelos líderes e presidentes dos partidos aliados – na terça-feira. Pelo que se sabe, Dilma não gosta de fazer a reunião do Conselho, por considerá-las longas, sem foco e motivo para que descontentamentos de partidos sobre espaço em ministérios sejam tornados públicos.

    Mas, como não tem saída para evitar que projetos com previsão de aumento de gastos de até R$ 7o bilhões sejam aprovados, ela se viu obrigada a reunir o Conselho. Na segunda-feira, vai reiterar o apelo pela responsabilidade fiscal a senadores.

    De acordo com os deputados que participaram do encontro, a presidente procurou tranquilizar os presentes, dizendo que o País não está em crise. Mas advertiu que não se pode criar despesas para não aumentar o “risco Brasil”, porque a crise internacional não está debelada e não se sabe como a economia mundial vai se comportar.

    “Não se pode descuidar da situação fiscal, pois a situação internacional suscita dúvidas”, disse Dilma, segundo o líder do PR, Anthony Garotinho (RJ), que participou das cerca de duas horas e meia de reunião.

    Embaraço. Ainda segundo Garotinho, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, lembrou que as despesas estão crescendo 14%, enquanto as receitas estão subindo apenas 11%. “É preciso cuidar para que não se tenha um embaraço financeiro”, disse Mantega, conforme relato de Garotinho.

    Na reunião, com a presença de quatro ministros e onze líderes dos partidos da base na Câmara, Dilma comentou que o governo fez muitas desonerações nos últimos anos para garantir os empregos e o crescimento, mas agora chegou o momento de apertar o cinto e todos darem a sua contribuição, de acordo com o relato do líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO). Nesse momento, Dilma citou alguns projetos que, a seu í ver, causariam problemas. Um j deles é o do piso salarial para os agentes comunitários de saúde.

    Segundo o deputado Eduardo da Fonte (PE), líder do PP, a presidente lembrou que “o momento econômico mundial não é satisfatório” e que “é preciso colaboração do Congresso para que novas despesas não sejam criadas, porque elas podem trazer embaraços financeiros para o País”.

    De acordo com o deputado do PP, a presidente explicou que criar novas despesas neste momento “delicado” da economia pode “trazer consequências para o Brasil”.

    Pelas contas do governo, os projetos que estão no Congresso para serem votados aumentam as despesas em mais de R$ 70 bilhões, mas o número pode ser muito maior porque há gastos que não estão ainda estimados. Só o projeto dos agentes comunitários de saúde representa R$ 4,4 bilhões.

    Os deputados recomendaram a Dilma cobrar dos senadores, já que parte das despesas estaria sendo criada no Senado. “Isso tem causado um problema muito grande”, disse o líder do PT, José Guimarães (CE).

     

    Fonte: O Estado de S.Paulo

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