Juro real fechará o ano a 80%

    Taxa média cobrada no crédito é estimada pela Austin Rating considerando nova alta da Selic e descontando o IPCA

    Ivone Portes

     

    A taxa média de juros cobrada nas operações de crédito para pessoas físicas subiu pelo quinto mês seguido em outubro e deverá ter novo aumento até o fim de 2013, devendo encerrar o período próxima de 80% ao ano, descontando a inflação, segundo cálculo feito pelo economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, a partir de dados divulgados pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). De acordo coma Anefac, o juro médio nominal cobrado de pessoas físicas atingiu 5,56% ao mês em outubro e 91,42% ao ano.

    Com a expectativa de uma nova elevação na Selic, no fim deste mês, a perspectiva é de que a taxas praticadas no mercado voltem a subir também. Se o aumento for de 0,25 ponto percentual, atingirá a média mensal de 5,58% e anual de 91,86% ao ano. Expurgando a inflação medida pelo IPCA ( Índice de Preços ao Consumidor Amplo), recuam para 4,98% e 79,21%, respectivamente.

    No caso de aumento de 0,5 ponto percentual na Selic, os juros nominais irão, na média, para 5,60% ao mês e 92,29% ao ano. Tirando a inflação, na ordem, ficariam em 5% e 79,61%. Em dezembro de 2012, o juro real anual era de 71,81%, segundo conta da Austin Rating. Em relação às empresas, considerando as duas simulações para a Selic, os juros reais atingiriam 36,78% e 37,10% ao ano em dezembro. Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, no início de outubro, a Selic subiu de 9% para 9,5% ao ano.

    A taxa vem subindo desde abril último, quando passou de 7,25% para 7,5% ao ano. O Copom realiza nos próximos dias 26 e 27 sua última reunião de 2013. “Mesmo descontando a inflação, a taxa de juros continua alta. Isso ocorre porque temos uma estrutura macroeconômica muito perversa, com uma carga tributária extremamente elevada e baixa competitividade entre bancos, o que restringe o acesso de empresas a crédito mais barato, como do BNDES”, diz Alex Agostini.

    Segundo o economista, o mercadode capitais brasileiro, que poderia ser outra fonte de financiamento para as empresas, também é pouco desenvolvido. “Além disso, as empresas ainda têm baixo nível de governança, o que faz com que o risco delas seja elevado e pese nos juros.” Miguel José Ribeiro de Oliveira, coordenador da pesquisa de juros da Anefac, diz quedas seis modalidades de crédito ao consumidor, cinco elevaram as taxas em outubro.

    A única que se manteve no mesmo nível foi a cobrada no rotativo do cartão de crédito, de 9,37% ao mês, que está no mesmo patamar desde outubro de 2012. Ao ano, chegam a 192,94%. “Os juros do cartão de crédito, por serem os maiores do mercado, têm apresentando estabilidade, seja com baixa ou alta Selic”, afirma ele, acrescentando que nas demais modalidades as taxas vêm subindo na mesma proporção. Depois do cartão de crédito, o juro nominal mais alto é o do cheque especial, que atingiu 7,89% ao mês.

    Já as modalidades de empréstimos mais baratas são a de CDC em bancos, em torno de 1,65% ao mês, e de empréstimos pessoais, também em bancos, de 3,16% ao mês, enquanto que nas financeiras chegam a 7,08%. Outra pesquisa da Anefac, também de outubro, mostra que 77% dos consumidores têm dívidas contraídas no cheque especial e no cartão de crédito.

    O cartão de crédito é a linha de financiamento com maior peso na composição das dívidas em aberto dos cidadãos, tendo atingido neste ano 41% do total (crescimento de 2,50% sobre 2012) contra 36% do cheque especial—elevação de 2,86% sobre 2012. Oliveira diz que agora, com a entrada do 13º salário, é hora de regularizar os débitos, antes de ir às compras de Natal.

    “É o momento de pegar esse dinheiro, separar uma parte para o pagamento das dívidas, outra para as despesas de início do ano, como matrícula de escola, uniforme e material escolar, além de tributos como IPVA. E usar uma terceira parte para a compra de presentes de Natal.”

     

     

    Fonte: Brasil Econômico

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