Dilma planeja pôr Tombini no Ministério da Fazenda

    O plano de voo da presidente Dilma Rousseff até a reeleição para eventual segundo mandato…

    Por Raymundo Costa e Claudia Safatle | De Brasília

    O plano de voo da presidente Dilma Rousseff até a reeleição para eventual segundo mandato está traçado e não prevê trocas na equipe de governo, a menos que a situação econômica se deteriore, ameace a reeleição da presidente e exija uma resposta mais imediata do governo. Nesse caso, Dilma decidiria por uma de duas alternativas: anunciar o nome do futuro ministro da Fazenda, no caso de ser reeleita, ou fazer a troca de pronto.

    Em ambos os casos, o nome que está na prateleira da presidente é o do atual presidente do Banco CENTRALALEXANDRE TOMBINI. A substituição de Guido Mantega por TOMBINI, a princípio, é prevista, no comando da pré-campanha, apenas para 2015.

    Na hipótese de uma antecipação, o presidente do Banco CENTRAL assumiria o Ministério da Fazenda com o compromisso de permanecer em um novo governo Dilma. O que não seria uma novidade: o deputado Ricardo Berzoini trocou uma reeleição garantida, em São Paulo, pelo Ministério das Relações Institucionais com a garantia da presidente de que permanecerá no novo mandato, se ela for reeleita.

    A diferença é que TOMBINI anteciparia a troca de posto, uma vez que sua nomeação para a Fazenda é esperada para o novo mandato; Berzoini, uma troca que há muito vinha sendo pedida pelo PT, chegou tardiamente ao governo. Ainda assim, a avaliação hoje no Palácio do Planalto é que o governo começa a domar a insubordinação da base aliada no Congresso, como demonstraria a aprovação do marco civil da internet, na terça-feira.

    Neste caso específico, houve um grande esforço de todo o governo, que incluiu, além de Berzoini, outros ministros como Aloizio Mercadante (Casa Civil), José Eduardo Cardozo (Justiça) e os líderes aliados no Senado. Sem falar na própria Dilma. O fato é que a coordenação política do governo mudou: Berzoini está se entendendo com Mercadante, recebe diariamente congressistas e ouve os aliados, antes de encaminhar as decisões.

    Um exemplo disso é a CPI da Petrobras. Até o meio-dia de ontem a expectativa no Palácio do Planalto era que a ministra Rosa Weber submeteria ao plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) o pedido de uma CPI exclusiva sobre negócios da estatal. O Planalto não quer CPI nenhuma, mas esperava a decisão do tribunal, para só então combinar com os aliados a reação no Congresso, sem impor nada de antemão aos partidos da coalizão governista.

    Mas, se a expectativa é positiva em relação à acomodação da base, o mesmo não se pode dizer sobre a evolução da conjuntura econômica, com a inflação girando acima do limite de tolerância da meta. Se o quadro se agravar, Dilma pode mudar o plano de voo – que até julho prevê a presidente governando e inaugurando obras – e antecipar mudanças previstas apenas para 2015.

    Essas são informações colhidas junto ao núcleo da campanha e do Partido dos Trabalhadores. Se confirmadas, TOMBINI seria o primeiro ministro da Fazenda desde 2003 sem uma ligação orgânica com o PT. Poderia se criar, aí, uma equipe econômica com perfil mais técnico e tendo uma solução interna para a sucessão no BC. O nome mais citado para comandar a autoridade monetária, nesse caso, é o do diretor de Assuntos Internacionais, Luiz Awazu Pereira.

    Especulações em torno dessas substituições não são propriamente novas. O novo é esses nomes estarem nos planos do núcleo que coordena a campanha pela reeleição de Dilma.

     

    Fonte: Valor Econômico

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