Por Marta Watanabe e Carmen Munari | De São Paulo
A presidente Dilma Rousseff rebateu ontem o senador Aécio Neves (PSDB-MG), seu principal adversário na corrida eleitoral que nesta semana acusou o programa Mais Médicos de ter prazo de validade. Em discurso no evento em que recebeu o apoio formal de seis centrais sindicais, a presidente e candidata à reeleição disse que o programa vai durar enquanto o Brasil precisar deles. “Para ter saúde é preciso ter médicos. Não há cabimento dizer que o programa tem prazo de validade.”
Dilma prometeu ampliar o programa. “Precisamos dar um passo além, de atendimento médico especialista, vamos avançar também para os exames laboratoriais, mais tarde.”
No evento, a presidente disse que críticas à sua política econômica dirigem-se à necessidade de modificar a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) para tirar direitos trabalhistas. “Eu tenho orgulho de ter ampliado esses direitos trabalhistas, com reconhecimento das domésticas.”
Dilma voltou a dizer disse que irá manter os três pilares de sua política para os trabalhadores: a valorização do salário, do emprego e dos direitos trabalhistas. “Vivemos numa situação de quase pleno emprego porque, enquanto o mundo desempregou, nós criamos 11,5 milhões de vagas com carteira assinada. Eles acham que é perigoso viver em pleno emprego porque assim o trabalhador ganha mais poder.”
Compareceram ao evento dirigentes ligados a seis centrais: Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCTS) e Central dos Sindicatos do Brasil (CSB).
Juntas, essas seis centrais representam cerca de 6,5 milhões de trabalhadores sindicalizados, mas a única a apoiar de forma unânime a presidente foi a CUT, na semana passada. As demais centrais têm dirigentes que se dividem entre Dilma, Aécio e o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB).
Vagner Freitas, presidente da CUT, disse que o apoio do dirigente sindical é importante para os trabalhadores. “Aécio é o candidato dos patrões”, declarou. “Não vamos permitir que a política de valorização do salário mínimo, resultado de negociação entre sindicatos e poder Executivo, seja jogada fora.”
João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical, também destacou que a presidente Dilma Rousseff tem dado prosseguimento a uma política por melhores salários e educação. “Fizemos questão de fazer essa unidade com os demais sindicalistas para conquistar o melhor para o país.”
A divisão das centrais nas disputas estaduais ficou patente no encontro. No palco, apenas Dilma, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os seis representantes das centrais. Nada de outros candidatos. Pretendentes ao governo estadual, como Alexandre Padilha (PT), apoiado pela presidente e próximo à CUT, e também ao Congresso e às Assembleias ficaram em outro espaço.
“Se um vai todos querem ir. Por isso, os outros candidatos vão ficar embaixo, com o povão”, disse ao Valor PRO o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah. O dirigente sindical está do lado de Dilma, mas quando a candidatura é estadual Patah apoia Paulo Skaf, do PMDB, e não Padilha, candidato da presidente.
Fonte: Valor Econômico