Dinâmica atual da inflação é bem pior do que em 2013, diz FGV

    Por Arícia Martins | De São Paulo

    Ao analisar dados qualitativos e também “cheios” do Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S), fica evidente que a dinâmica atual da inflação é bem pior que a de igual período em 2013, avalia Paulo Picchetti, coordenador do indicador calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

    “A situação é bem pior não só pelo índice do mês, mas pela trajetória por trás dele”, afirmou Picchetti. “Há um ano, estávamos em um nível menor e em queda. Agora, estamos em um nível maior e subindo”, complementou.

    Em abril de 2013, o IPC-S acumulava alta de 6,16% em 12 meses, taxa que aumentou para 6,36%, em igual mês deste ano. Os preços administrados, que chegaram ao fim de 2013 com alta de 5,83%, aumentaram 12,9% nos 12 meses encerrados em abril. Já os serviços subiram 13,32% no mesmo período, enquanto o grupo alimentação está em alta de 8,09%.

    O problema, na opinião do coordenador, é que não há perspectivas de grande alívio inflacionário daqui para frente. Segundo Pichetti, a projeção pode ser elevada caso os alimentos não mostrem a descompressão esperada nos próximos meses. Para ele, o “vale da inflação” sazonalmente observado no meio do ano, em que os preços de alimentos e combustíveis costumam ajudar os índices de preços, pode fazer com que o IPC-S feche o ano em 6,3%, mas, por outro lado, a trajetória dos serviços, dos itens administrados, da dispersão inflacionária e do núcleo do IPC-S mostram que não há espaço para reduzir o índice no curto prazo.

    Picchetti também mencionou que o índice de difusão do IPC-S atingiu 75,29% em abril, maior percentual desde janeiro de 2003, quando ficou em 78,86%, enquanto o núcleo do IPC-S, medido pelo conceito de médias aparadas, subiu 5,36% nos 12 meses encerrados em abril e está em aceleração desde o início do ano, outra evidência de que a situação não é confortável.

    “Se o IPC está muito alto e o núcleo está em baixa, é sinal de que há um choque de oferta, mas quando o IPC e o núcleo estão em aceleração, não é um choque que está atingindo os preços”, disse.

    A única boa notícia para a inflação no período recente, segundo o coordenador, é a perda de fôlego dos alimentos in natura, que deve continuar ao longo de maio, mas a trajetória dos itens administrados, dos serviços e de outros componentes do grupo alimentação mostram um cenário desconfortável.

     

    Fonte: Valor Econômico

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