Diretores do BC divergiram sobre sinalizar fim do corte de juros

    Parte da diretoria queria mensagem menos enfática, mostra ata

    Parte da diretoria do BC, presidido por Ilan Goldfajn (foto), queria mensagem menos enfática sobre fim de cortes -BRASÍLIA- Ainda há possibilidade de haver mais corte de Juros no país. A ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) mostrou que os diretores do Banco Central ficaram divididos ao sinalizar, após sua última decisão, que a queda de 0,25 ponto percentual — que levou a taxa básica a 6,75% ao ano na semana passada — seria a última. Segundo a ata, alguns diretores queriam que o BC fosse mais claro ao dizer que o ciclo de queda foi encerrado. Outros queriam que deixasse a porta aberta para a chance de mais um novo corte.

    Depois da publicação do documento, os economistas foram assertivos: a porta para a nova redução dos Jurosno Brasil pode ter sido fechada, mas não está trancada.

    CHANCE DE NOVO CORTE EM MARÇO

    “Alguns membros manifestaram preferência por elevado grau de liberdade, favorecendo comunicação mais simétrica sobre o próximo passo, enquanto outros propuseram sinalizar mais fortemente a possível interrupção do ciclo de flexibilização monetária e manter liberdade de ação, mas em menor grau”, disse a ata, que segue: “Todos concluíram ser apropriado sinalizar que, caso a conjuntura evolua conforme o cenário básico do Copom, a interrupção do processo de flexibilização monetária parece adequada”.

    O texto diz, nas entrelinhas, que essa visão pode se alterar. Isso se a inflação continuar comportada e se o cenário internacional não causar problemas. A última reunião do Copom ocorreu no dia seguinte a uma queda recorde nas bolsas americanas.

    — O cenário de o Copom não cortar Juros em março não parece muito firme ou bem cimentado. Por isso, no futuro, seria fundamental monitorar uma combinação de inflação, Câmbio e contexto financeiro externo — afirma o economista-chefe do Goldman Sachs para a América Latina, Alberto Ramos, que diz que o importante, agora, é analisar se haverá mais surpresas favoráveis na inflação.

    Novos dados positivos poderiam fazer o BC cortar mais 0,25 ponto percentual na reunião de março do Copom. No entanto, a cada vez que os Juros furam o piso histórico, o Banco Central alerta que, para cair mais, a política é o que pesa mais na conta.

    Sem a certeza da aprovação da Reforma da Previdência no Congresso Nacional, o Copom tem espaço reduzido para diminuir mais os Juros. Todos os membros do comitê voltaram a enfatizar que a aprovação e a implementação das reformas, principalmente as que mexem com as contas públicas, são fundamentais para a sustentabilidade da inflação baixa e estável.

    AGENDA PÓS-REFORMA

    Desta vez, entretanto, o BC lembrou que há outras iniciativas que visam ao aumento de produtividade, ganhos de eficiência, maior flexibilidade da economia e melhoria do ambiente de negócios. E ressaltou que esses esforços são fundamentais para a retomada da atividade econômica e da trajetória de desenvolvimento. Um movimento em linha com o Palácio do Planalto que tem se aproximado do que os deputados batizaram de “agenda pós-reforma”, diante da dificuldade de se aprovar a Reforma da Previdência.

    Fonte: O Globo

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