‘Fintech’ suíça quer ter corretora de bitcoin no Brasil

    Fintech‘ suíça quer ter corretora de bitcoin no Brasil

    A febre do bitcoin e outras criptomoedas no Brasil, que até dezembro havia atraído 1,4 milhão de cadastrados para as principais corretoras desses ativos no país, também chamou a atenção de empresas estrangeiras. É o caso da empresa de tecnologia financeira suíça Swissborg, que pretende abrir uma corretora de moedas virtuais no Brasil ainda neste ano, além de atrair investidores locais para os fundos de criptomoedas que a empresa está estruturando no exterior.

    Recentemente, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) proibiu que fundos locais aplicassem nas moedas virtuais. A decisão pode beneficiar empresas como a Swissborg, já que os interessados em investimentos semelhantes podem procurar produtos estrangeiros. A intenção da companhia, contudo, é estar fisicamente presente no país.

    “Nosso projeto é abrir uma corretora no Brasil e uma no Japão em 2018. Já fizemos o pedido para obter uma licença japonesa e estamos avaliando as questões jurídicas no Brasil”, afirma Daniel Pante de Sousa, desenvolvedor de mercado da empresa. Ele explica que embora as cotas dos fundos criados pela Swissborg possam ser compradas por investidores de qualquer lugar do mundo, os brasileiros sentem a necessidade de conversar e tirar dúvidas. Por isso, o ideal é ter uma corretora com funcionários locais, que além de oferecer e apresentar os fundos da Fintech, podem ajudar os investidores a gerir suas carteiras de moedas virtuais.

    Apesar da crescente popularização desses ativos, o Banco Central faz constantes alertas sobre seus riscos. Ilan Goldfajn, presidente da instituição, costuma destacar que moedas como o bitcoin são ativos sem lastro, que as pessoas compram porque acreditam em sua valorização. Em outras ocasiões, membros da autoridade monetária também ressaltaram que, por não ter uma regulação, não há um órgão que proteja os investidores de prejuízos ou fraudes.

    Para Sousa, brasileiro que vive desde os 15 anos na Europa, um fator relevante do mercado de criptomoedas é o uso da tecnologia Blockchain, que funciona como um registro virtual de informações, sem controlador, permanente e imutável, o que, em sua visão, representa mais transparência, segurança e fácil acesso para qualquer investidor.

    No fim do ano passado, a Swissborg fez sua primeira oferta pública de moeda, o chamado ICO. A emissão, que foi encerrada em janeiro, arrecadou cerca de US$ 51 milhões, acima da meta inicial de US$ 50 milhões. O próximo passo da companhia é lançar os fundos de criptomoedas. O primeiro estará disponível em abril e também passará por um ICO.

    Essas ofertas são uma forma de captação pública em que um investidor compra ativos virtuais, semelhantes às criptomoedas, que são emitidos pelas companhias. Essas moedas podem ser chamadas de “equity tokens”, quando representam valores mobiliários que dão ao investidor direitos como voto em assembleias ou remuneração prefixada sobre o capital investido, ou “utility tokens”, que funcionam como uma “ficha” que dá direito à compra de produtos ou serviços que a empresa oferece.

    Os “equity tokens”, no entanto, estão sujeitos à fiscalização e aprovação do órgão regulador. Mas, segundo Sousa, tanto a CVM no Brasil quanto a Finma na Suíça não têm regras claras para esse tipo de oferta. Ele explica que, por isso, os tokens da Swissborg são vendidos como “utility”, mesmo que, na prática, eles se assemelhem a ações da empresa. “Os nossos tokens dão acesso à nossa plataforma. Ou seja, o cliente consegue ver nosso fundo, votar nas nossas decisões e ser remunerado conforme o fundo vai tendo rentabilidade”, explica.

    Questionado sobre a escolha do ICO ao invés de um “crowdfunding” – espécie de vaquinha virtual que uma empresa faz para viabilizar um projeto -, Sousa afirma que o objetivo da Swissborg era oferecer algo em troca aos investidores da Fintech. “Com o ICO damos uma garantia de que ele terá um retorno.” A intenção é que os tokens sejam vendidos no mercado secundário por corretoras. “Conforme o fundo ganhar rentabilidade, a demanda tende a aumentar e o nosso token se valoriza”, diz.

    Fonte: VALOR ECONÔMICO

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