Em dia bastante volátil tanto no mercado de câmbio como no de capitais, o dólar chegou a cair mais de 1%, mas mudou totalmente o rumo, subiu 1,08% e foi cotado em R$ 3,162, o maior valor desde 14 de junho de 2004, quando fechou em R$ 3,165. Na direção contrária, a Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) abriu em alta, chegou a se valorizar 1,45% na máxima do dia, às 11h, e depois despencou. O principal índice da bolsa paulista, o Ibovespa, recuou 0,43% na mínima do pregão, às 15h10, e fechou próximo da estabilidade, com leve queda de 0,05% aos 48.880 pontos.
Para os analistas, o mercado continua pressionado por conta do quadro de impasse político e deterioração econômica do país. Nesta semana, a moeda norte-americana já subiu 3,44% e, no mês, 10,7%. No ano, há valorização acumulada de 18,91%. Para a agência de classificação de risco Fitch Ratings, apesar da disparada do dólar, o real precisa se desvalorizar ainda mais para melhorar a competitividade global dos exportadores. “Muitas empresas voltadas para o mercado interno também continuam ameaçadas por importações”, disse Joe Bormann, diretor da Fitch. “A taxa de câmbio teria de ser de R$ 3,75 para trazer de volta a competitividade de 2004”, emendou.
Na avaliação do economista-sênior do Besi Brasil, Flavio Serrano, é exagero da Fitch a cotação de R$ 3,75. “O dólar está no meio de um processo de mudança de patamar, porém numa trajetória muito acelerada. É possível que suba mais, mas vai cair depois”, destacou. Para Serrano, o mercado apostava na alta, sobretudo porque a divisa está se valorizando em todo o mundo, por conta a recuperação econômica dos Estados Unidos. “A disparada é maior frente ao real porque o quadro de incerteza política e ambiente econômico ruim do país fez o mercado se antecipar”, acrescentou.
Dúvidas sobre o futuro do programa de intervenções diárias do Banco CENTRAL (BC) no câmbio, marcado para durar até o fim deste mês, também preocupam o mercado. Assim como os rumores de que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, não autorizaria a emissão de ações da Petrobras. Com isso, os papéis preferenciais da estatal caíram 3,30%, e os ordinários, 2,24%, contribuindo para a queda da Bovespa.
Fonte: Correio Braziliense