Dólar e juros sofrem ajuste e fecham em alta

    Depois de terem buscado se antecipar ao resultado da pesquisa eleitoral divulgada ontem pela Confederação Nacional de Transporte (CNT), que mostrou uma queda da popularidade da presidente Dilma Rousseff, os investidores aproveitaram para embolsar parte dos lucros, o que levou a uma alta do dólar e queda das taxas de juros futuros.

    O dólar comercial subiu 0,36%, encerrando a R$ 2,233, descolando do movimento de queda da divisa americana frente às principais moedas emergentes no exterior.

    A pesquisa realizada pela CNT mostrou nova queda da presidente Dilma Rousseff na corrida eleitoral. Dilma aparece com 37% das intenções de voto, contra 43,7% registrados em fevereiro. O levantamento ainda mostrou que a avaliação positiva do governo Dilma caiu de 36,4%, em fevereiro, para 32,9% em abril.

    Na segunda-feira, o dólar caiu 0,80% diante de rumores de que a pesquisa mostraria uma queda da popularidade da presidente Dilma. Com a confirmação do resultado, os investidores aproveitaram para reduzir a posição vendida na moeda americana e embolsar parte do lucro.

    Segundo analistas, a volatilidade do câmbio deve aumentar à medida que se aproximem as eleições de outubro.

    O fluxo de recursos, que tem sustentado a valorização do real, costuma ser, historicamente, menor em maio. Outro fator que deve contribuir para a maior pressão de alta do dólar neste fim de mês é o fato do Banco CENTRAL ter interrompido a rolagem do lote de US$ 8,733 bilhões com vencimento previsto para 2 de maio. O BC rolou apenas US$ 6,5 bilhões desses contratos. Caso o BC não realize mais operações de rolagem desses papéis, o efeito prático será o de uma compra de dólares no mercado futuro em valor equivalente a US$ 2,233 bilhões.

    Para a consultoria britânica Capital Economics, enquanto muito dos ajustes necessários no real já ocorreram, depois da forte queda em 2013, é mais provável a moeda brasileira se enfraquecer do que se fortalecer nos próximos seis a 12 meses.

    A consultoria aponta que o real não parece tão caro, mas está sobrevalorizado, principalmente se levar em conta o fato de o déficit ainda estar perto de 4% do PIB em 12 meses. “Enquanto a grande queda no real ficou para trás, a recente recuperação tem sido construída sobre trêmulas bases”, diz Neil Shearing, economista-chefe para mercados emergentes da Capital Economics, em relatório. Nesse cenário, a previsão da consultoria para o câmbio é de R$ 2,50 para o fim de 2014 e para o fim de 2015.

    Na BM&F, os juros futuros longos avançaram, em um movimento alinhado com o dólar e a taxa dos títulos do Tesouro americano. Uma aceleração da leitura de inflação na ponta realizada pela FGV – de 0,63% no dia 25 para 0,86% ontem – e movimentos técnicos, com investidores realizando lucros após o resultado da pesquisa eleitoral, também impulsionaram as taxas. O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2017 saltou de 12,20% para 12,28%. Já o derivativo para janeiro de 2015 fechou praticamente estável, passando de 11% para 11,01%.

     

    Fonte: Valor Econômico

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