Dólar não para e fecha a R$ 3,24

    Moeda atinge maior valor desde 2003 ante o real e perspectiva é de continuar em alta por causa de reunião do Fed

    O dólar antecipa uma possível sinalização do Fed esta semana de que a alta dos juros dos EUA está próxima; os ruídos sobre o programa de intervenções do BC no câmbio completavam o quadro de apreensão 

    Odólar fechou com alta de mais de 2,5% na sexta-feira, no maior nível emquase doze anos, cominvestidores buscando proteção em meio à turbulência política que vem dificultando a aprovação de medidas para o reequilíbrio das contas públicas brasileiras e às dúvidas sobre a intervenção do Banco CENTRAL. O dólar também avançou nos mercados externos, antecipando-se a uma possível sinalização do Federal Reserve (Fed, o Banco CENTRAL dos Estados Unidos, de que a alta dos juros no país está próxima. 

    A moeda norte-americana subiu 2,77%, a R$ 3,2490 na venda, após subir a R$ 3,2815 na máxima da sessão. O valor do fechamento é o mais alto desde abril de 2003. Na semana, a moeda norte-americana subiu 6,3%, acumulado alta de 13,76% desde o início do mês.

    A principal preocupação é que, à medida que a popularidade da presidente Dilma Roussseff cai e cresce a rebeldia na base governista no Congresso, torna-se cada vez mais custoso para o governo implementar as dolorosas medidas de ajuste e resgatar a credibilidade da política fiscal brasileira. Essa perspectiva tem sido corroborada também pelos desdobramentos do escândalo bilionário de corrupção na Petrobras, que vem assustando investidores estrangeiros. 

    Os ruídos em torno do futuro do programa de intervenções diárias do Banco CENTRAL no câmbio completavam o quadro de apreensão doméstica. OBC vem vendendo swaps cambiais diariamente desde agosto de 2013 para oferecer proteção cambial e limitar a volatilidade, em um programa marcado para durar pelo menos até o fim deste mês. 

    Uma fonte da Fazenda afirmou que o governo brasileiro não considera usar suas reservas internacionais neste momento para conter a forte alta do dólar ante o real. 

    Segundo a fonte, a intervenção no câmbio depende de como o governo vê o movimento da moeda, que não tem sido avaliado como resultado de uma fuga de capitais, descartando a necessidade de usar as reservas neste momento. 

    Na sexta-feira, o BC vendeu pela manhã a oferta total de até 2 mil swaps pelas rações diárias, equivalentes aumaposição vendida deUS$ 97,5 milhões. Foram vendidos 1.050 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 950 para 1º de março de 2016. 

    A autoridade monetária também vendeu a oferta integral no leilão de rolagem dos swaps que vencem em 1º de abril. Até agora, foram rolados cerca de 36% do lote total, que corresponde a US$ 9,964 bilhões. 

    As incertezas domésticas têm garantido que o real venha se enfraquecendo mais do que seus pares emergentes em meio à onda global de compra de dólares com as expectativas de que o aguardado aperto monetário nos EUA deve ter início em breve. “Os mercados de trabalho (norte-americanos) continuaram a melhorar e a inflação se estabilizou, cumprindo os critérios econômicos estabelecidos pelo Fed” para a alta de juros, escreveram analistas do Scotiabank em relatório. 

    Desde o início do ano, o dólar subiu cerca de 5% contra os pesos mexicano e chileno, 8% ante o rand sul-africano e 13% contra a lira turca mas avançou 22,20% em relação ao real.

    A aversão ao risco no Brasil tem elevado os custos de financiamento em moeda estrangeira no mercado doméstico, representados pelo cupom cambial. Na sessão de sexta-feira, o cupom para maio subiu 0,23 ponto percentual, a 1,91%.

     

    Fonte: Brasil Econômico

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