Dólar sobe e volta a superar a barreira dos R$ 2,55

    Por Silvia Rosa | De São Paulo

     

    O dólar subiu ontem frente ao real, ainda diante de incertezas sobre a condução da política econômica no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. Notícias sobre o cálculo do superávit primário neste ano trouxeram questionamentos sobre a disposição do governo em promover ajuste na área fiscal, impulsionando a busca pela moeda americana.

     

    O dólar comercial subiu 0,26%, encerrando a R$ 2,5563.

     

    A menor participação dos investidores estrangeiros no pregão de ontem, por conta do feriados nos Estados Unidos e na França, também contribuiu para aumentar a pressão de alta da moeda americana, uma vez que os investidores locais têm sido mais ativos na compra de dólares, diante do pessimismo com a economia doméstica.

     

    “Ninguém esperava que o governo fosse cumprir a meta de superávit neste ano. A notícia só aumenta o ceticismo do mercado com relação à materialização do discurso de mudança da presidente Dilma”, afirma Jankiel Santos, economista-chefe do BES Investimentos do Brasil.

     

    A política fiscal é vista como o ponto mais crítico pelos investidores da atual política econômica, pelo uso de manobras fiscais e redução do superávit primário. “A notícia sobre a LDO traz dúvidas sobre a transparência dos dados na área fiscal, o que é muito ruim”, afirma Italo Abucater, especialista em câmbio da Icap Corretora.

     

    O governo encaminhou ontem ao Congresso Nacional um projeto de lei que permite o abatimento dos investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e as desonerações tributárias da meta de superávit primário deste ano. A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) em vigor fixa um abatimento máximo de R$ 67 bilhões, mas o novo projeto propõe a eliminação desse limite. Entre as justificativas do governo para eliminar o teto do abatimento estão a queda no crescimento econômico e o impacto sobre as receitas.

     

    A demora do governo em anunciar o novo ministro da Fazenda e medidas de ajuste na área fiscal tem aumentado a desconfiança no mercado sobre a disposição da presidente Dilma em promover mudanças para retomar a confiança dos investidores. A presidente informou que só anunciará a nova equipe econômica após o retorno da reunião de Cúpula do G20.

     

    Ontem, o Banco CENTRAL vendeu todos os 4 mil contratos de swap cambial ofertados no leilão do programa de intervenção e também realizou a rolagem de mais 9 mil papéis do lote de US$ 9,83 bilhões em swaps que vence em 1º de dezembro.

     

    Fonte: Valor Econômico

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