As perspectivas para as companhias abertas neste ano são desafiadoras e as estratégias para driblar o cenário macroeconômico fraco serão o diferencial para o desempenho das empresas nos próximos meses, apontam analistas.
As expectativas para a macroeconomia indicam um dólar médio alto, política monetária contracionista e inflação ainda perto do teto, além de ajustes fiscais por parte do governo – um combinado de fatores que deve fazer com que a atividade, que já foi fraca em 2014, desacelere ainda mais.
É esperado, no entanto, que rigorosos ajustes preparem terreno para o país voltar a crescer com mais força a partir do ano que vem.
“A melhora da credibilidade na gestão do país pode evitar uma saída de recursos mais expressiva no curto e no médio prazo, possibilitando um crescimento mais saudável”, afirma a equipe de análise da Guide Investimentos.
Com isso, os setores financeiro e de consumo essencial devem ter desempenho melhor. Companhias que tendem a se beneficiar do patamar do dólar mais apreciado frente ao real, como as exportadoras, e as que apresentam dinâmica própria de melhorias de resultados são as apostas de especialistas para 2015.
Na opinião do Deutsche bank, o ano deve ser difícil para a maior parte das varejistas, com a queda na confiança do consumidor.
Além disso, diz o Banco, os custos com pessoal devem colocar as margens sob risco. “Dado o cenário desafiador, recomendamos que investidores tenham pouca exposição às varejistas brasileiras”, diz Marcel Moraes em relatório.
Para aqueles dispostos a arriscar no setor no curto prazo, o Banco alemão recomenda Renner, Arezzo e Lojas Americanas, que têm estratégias mais preparadas para driblar melhor os desafios do cenário econômico atual.
Para áreas de transporte, indústria e infraestrutura, o BTG Pactual diz que 2015 deve ser marcado por crescimento lento, diminuição dos incentivos fiscais, potencial racionamento de energia, moeda local fraca e preços mais baixos do petróleo.
“Em um cenário de economia fraca, investidores têm esperança de que o setor de infraestrutura seja estimulado para puxar o crescimento.
Contudo, os recentes escândalos de corrupção caem como um balde de aguá fria, adicionando risco à implementação de novos projetos no Brasil”, dizem os analistas Renato Mimica e Samuel Alves, em relatório.
Ainda assim, o Banco está otimista com a maior parte das empresas desses setores, com nove recomendações de compra para ações do segmento (Gol, Multiplus, Embraer, Iochpe-Maxion, Tupy, ALL, CCR, EcoRodovias e Locamerica) e seis neutras (Marcopolo, Randon, WEG, Tegma, Mills e Localiza). Não há nenhuma indicação de venda no universo de cobertura.
Outro setor com boas perspectivas operacionais é o de papel e celulose. Segundo análise do Bradesco, a depreciação do real ante o dólar e o aumento dos preços da celulose estão impulsionando o crescimento da geração de fluxo de caixa da Klabin, Suzano e Fibria, empresas que têm recomendação de compra pelo Banco brasileiro.
O segmento de energia elétrica tem sofrido com crise hidrológica e perspectivas de racionamento para este ano. Mais ainda assim, há oportunidades. De acordo com o BTG, Copel e CPFL devem ser as menos afetadas.
No caso da primeira, o modelo de negócio integrado dá alguma proteção no cenário de corte compulsório da demanda por eletricidade. Já para a CPFL, o Banco afirma a boa gestão e índices baixos de perdas e inadimplência a que a deixam mais bem posicionada para as turbulências. (DM)
Fonte: Valor Econômico