As estimativas dos participantes do mercado para os resultados fiscais do governo voltaram a piorar, de acordo com o boletim Focus, do BancoCENTRAL, divulgado ontem.
Em pouco mais de um mês, de 17 de outubro a 14 de novembro, a mediana das estimativas para o superávit primário do setor público consolidado neste ano caiu pela metade, de 1% para 0,50% do PIB.
Na semana anterior, em 7 de novembro, era de 0,7% do PIB. Para 2015, a estimativa saiu de 1,65% para 1,2% do PIB em um mês. O que o mercado estima está bem abaixo do que a meta inicialmente estipulada pelo governo, de 1,9% do PIB.
As estimativas do mercado se deterioraram especialmente após a divulgação do resultado fiscal de setembro, quando o setor público não financeiro registrou déficit de R$ 25,5 bilhões. No ano, há déficit de R$ 15,3 bilhões. Para 2014, o governo se comprometeu com um superávit primário de R$ 99 bilhões – R$ 80,8 bilhões do governo central, ou 1,55% do PIB, e outros R$ 18,2 bilhões de Estados e municípios, 0,35% do PIB.
Com os abatimentos permitidos pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), o governo central teria que entregar no mínimo R$ 49 bilhões de superávit. Mas esse valor não deve ser alcançado e por isso o governo enviou na semana passada projeto que altera a LDO, eliminando o teto de abatimentos permitido. Na prática, poderá haver déficit em 2014.
Ainda no Focus, os analistas elevaram a estimativa de déficit nominal neste ano, de 4,5% para 4,6% do PIB. Há um mês, a projeção era de 4,05%. A projeção para o ano que vem deu um salto, de 3,8% para 4,3% no período entre 17 de outubro e 14 de novembro.
Por fim, a expectativa para a dívida líquida do setor público também se deteriorou. Os analistas estimam agora que a dívida será de 35,8% do PIB até o fim deste ano, ante 35,2% na semana anterior e 35% um mês atrás.
Fonte: Valor Econômico