Fazenda, Planejamento, Tesouro, BC, BB e CEF serão anunciados em bloco

    A presidente Dilma Rousseff vai anunciar primeiro toda a equipe econômica de seu governo, antes dos demais ministros.

     

    Esse é o cronograma que a presidente estabeleceu antes de viajar para a reunião do G-20, na Austrália.

     

    Dilma pode já ter o nome, mas ainda não convidou oficialmente ninguém para o Ministério da Fazenda, segundo fontes credenciadas.

     

    O anúncio deve ser feito até o fim do mês, se a presidente seguir o cronograma que ela mesma estabeleceu.

     

    Nessa leva saem os nomes dos futuros ministros da Fazenda, do Planejamento e do presidente do Banco CENTRAL. No mesmo dia serão divulgados os nomes do secretário do Tesouro e dos presidentes do Banco do Brasil (BB) e da Caixa Econômica Federal.

     

    A presidente tem “consciência” de que a escolha da nova equipe econômica sinalizará a “cara” de seu governo, segundo fontes ouvidas pelo Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor.

     

    Por isso a prioridade é indicar em primeiro lugar os ministros que serão responsáveis pela economia, de uma vez só. Não há hipótese de se indicar o ministro da Fazenda e só dez dias depois os presidentes da Caixa e do BB.

     

    “Governo novo, ideias novas.

     

    Não leva dez dias. Anuncia tudo.

     

    Eu acho que em novembro anuncia”, disse um ministro próximo da presidente da República.

     

    “Obviamente que o ministro [da Fazenda] que entrar deve anunciar já sua equipe”.

     

    O restante do ministério será mudado por partes, sendo possível que as trocas se estendam pelo novo mandato de Dilma. O expresidente Fernando Henrique Cardoso, reeleito em 1998, só concluiu a formação de sua equipe seis meses depois. O antecessor da presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, avançou três meses adentro do novo mandato.

     

    Além disso, a presidente pode esperar a eleição para as presidências do Senado e da Câmara, para negociar com os partidos a nova maioria no Congresso. A questão ética deve perpassar e ser prioritária nessa negociação.

     

    Depois de vencer uma eleição difícil, o governo e o PT não querem ser surpreendidos com ministros enrolados em denúncias como a do Petrolão.

     

    A presidente ainda não fez convites e analisa os prós e contras de cada candidato a ministro da Fazenda. No momento, entre os nomes que seguramente são avaliados pela presidente, a cotação é a seguinte:

     

    ● Henrique Meirelles: o expresidente do Banco CENTRAL é o nome preferido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Querendo- se ou não, é uma pessoa com a qual a presidente não tem bom relacionamento. Sua indicação sinalizaria uma intervenção do ex-presidente Lula no governo de Dilma. Ela estaria cedendo a outro a nomeação de sua equipe e perderia a autonomia sobre a área econômica. É uma decisão importante. “Esse será o recado.

     

    Será que uma pessoa que teve 54 milhões de votos quer pagar esse preço?”, questiona o auxiliar da presidente da República. Em compensação, a nomeação de Meirelles daria fôlego para a presidente e os mercados reagiriam positivamente.

     

    ● Nelson Barbosa: o ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda tem a seu favor o fato de já conhecer a presidente Dilma Rousseff. Também aproximou-se muito de Lula e do PT, depois que deixou o governo. O fato de integrar a lista tríplice apresentada por Lula a Dilma não diminui as possibilidades de Nelson Barbosa, que não seria encarado como uma intervenção do ex-presidente.

     

    Mas se Barbosa é o indicado, como criou-se a expectativa em torno de Henrique Meirelles, a escolha deve causar uma frustração imediata dos mercados. Frustração que só não seria maior se o indicado fosse o atual presidente do Banco CENTRAL (BC), ALEXANDRE TOMBINI. “Seriam formadas filas para o primeiro voo para Miami”, disse a fonte.

     

    ● Luiz Trabuco: presidente do Bradesco, outro nome na lista do ex-presidente Lula para Dilma.

     

    Sua nomeação também agradaria os mercados, mas segundo as fontes do Palácio do Planalto o executivo não demonstra muito apetite para o cargo.

     

    ● Luciano Coutinho: o nome do presidente do BNDES também é mencionado lateralmente por alguns auxiliares da presidente, mas, no momento, apresenta forte viés de baixa. Segundo as fontes ouvidas pelo Valor PRO, não se trata de um auxiliar que a presidente da República tenha muita admiração pelo trabalho até agora executado.

     

    ● Aloizio Mercadante: No próprio Palácio do Planalto o ministro da Casa Civil tenta se viabilizar para o cargo.

     

    Se a presidente já escolheu o nome, não contou nem para o expresidente Lula.

     

    Fonte: Valor Econômico

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