FMI alerta para calote

    Washington

    Em relatório divulgado ontem, o Fundo Monetário Internacional (FMI) chamou a atenção para os riscos de degradação da economia dos Estados Unidos e fez um alerta para os “sérios danos” que um eventual calote da dívida pública norte-americana provocaria em todo o mundo. No documento, o organismo baixou a previsão de crescimento do país, que não deverá passar de 1,6% neste ano e de 2,6% em 2014. Na estimativa anterior, feita em julho, as apostas eram de 1,7% e 2,8%, respectivamente.

    As novas projeções refletem os cortes de gastos públicos nos EUA, sem considerar ainda um eventual prolongamento do atual impasse político, que interrompeu grande parte das atividades da administração federal. Os dirigentes do FMI acreditam que a atual paralisia será curta e consideram que o Congresso agirá a tempo para autorizar a emissão de novos títulos do governo e evitar que o país entre em default pela primeira vez na história.

    O relatório do Fundo observa, no entanto, que, “apesar de um potencial de melhora, os riscos de degradação da economia são consideráveis”. O documento destaca que a demanda interna se fragilizou devido ao impacto de aumentos de impostos e de cortes orçamentários, que custarão cerca de 1,75 ponto percentual de crescimento, em 2013, para a maior potência mundial.

    Mesmo acreditando em uma solução rápida para o impasse político, o FMI não deixou de avaliar as graves consequências de um calote da dívida norte-americana. Para o economista-chefe do organismo, Olivier Blanchard, o risco de uma moratória gera temores de um caos financeiro global. “Se houver um problema em elevar o teto do endividamento, pode acontecer de a
    atual recuperação (econômica mundial) se tornar uma recessão, ou até pior”, disse ele.

    Escolha ruim
    Para Blanchard, o desempenho dos EUA continua sendo crucial para o crescimento global. Por isso, ele criticou os cortes orçamentários, que minam a expansão do país. “A demanda privada conserva a solidez, apesar de o crescimento ter sido dificultado, este ano, por uma consolidação fiscal excessiva”, escreveu o dirigente, na introdução do documento. Segundo ele, os cortes de gastos são uma “maneira ruim de realizar a consolidação fiscal”.

    O relatório analisou também os efeitos da esperada redução nos estímulos do Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano, que injeta US$ 85 bilhões por mês na economia, por meio da compra de títulos. Para o Fundo, o Fed deveria planejar cuidadosamente a forma de normalizar a política monetária.

    » Yellen vai assumir o Fed

    O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, nomeará hoje a atual vice-presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, para a chefia do banco central norte-americano, disse ontem uma autoridade da Casa Branca. Ela substituirá Ben Bernanke, cujo mandato acaba em janeiro. Obama fará o anúncio na Casa Branca às 16h. Até o mês passado, o cargo vinha sendo disputado também pelo ex-secretário do Tesouro, Lawrence Summers, que, entretanto, abriu mão da indicação. Considerada menos ortodoxa, Janet Yellen agrada mais aos mercados.

     

    Fonte: Correio Braziliense

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