Por Claudia Safatle e Daniel Rittner | De Brasília
O Banco Central tem “autonomia para atuar” e o governo não trabalha com um “teto” para a taxa de juros, afirmou ontem a ministra chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, ao Valor. Ela não nega, entretanto, a preocupação com o risco de o Brasil sofrer um rebaixamento pelas agências de classificação de crédito: “queremos manter o grau de investimento.”
A ministra acha, porém, que a cobrança sobre o governo brasileiro tem sido “excessiva” e considera incorreto “exigir do Brasil uma realidade que não está colocada no cenário internacional”. Isso vale tanto para os agentes do mercado financeiro quanto para os empresários locais e para os investidores estrangeiros.
“Estamos inseridos no mundo e mesmo com toda a pancada (que foi a crise global de 2008 para cá) mantivemos o emprego, mantivemos a renda, a qualidade do crescimento”. Segundo ela, o Brasil prossegue reduzindo a pobreza e a desigualdade de renda, vem apoiando a indústria, estimulando a agricultura e promovendo investimentos na área de infraestrutura.
“Se não tivéssemos reagido dessa forma, talvez estaríamos hoje parecidos com a Itália ou com a Grécia”, comenta.
Gleisi avalia que a demora na recuperação da indústria está relacionada mais às dificuldades do cenário internacional do que com a realidade doméstica.
É claro que seria melhor não ter que elevar a taxa de juros, diz, “mas não há leniência do governo com a inflação”, assegura, acrescentando que “a estabilidade macroeconômica é o foco do governo”.
Fonte: Valor Econômico