Governo já estuda meta menor que 2%

    GASTO COM USO DE USINAS TÉRMICAS, MAIS CARAS QUE HIDRELÉTRICAS, DEVE FICAR ACIMA DO PREVISTO E PREJUDICAR SUPERAVIT

    Tendência é baixar para entre 1,8% e 1,9% do PIB a economia para pagar dívida, segundo assessores de Dilma

    VALDO CRUZ
    DE BRASÍLIA

     

    A necessidade de elevar a previsão de gastos com o setor de energia elétrica, afetado por um período de seca atípico neste início de ano, deve inviabilizar a fixação da meta de superavit primário (economia de gastos para pagamento da dívida pública) em 2% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2014.

    A tendência, segundo assessores presidenciais, era fixar a meta entre 1,8% e 1,9% do PIB para acomodar no Orçamento da União mais recursos destinados a cobrir as despesas extras provocadas pelo acionamento das usinas térmicas, cuja energia é mais cara que a de hidrelétricas.

    Inicialmente, Ministério da Fazenda e Banco Central defendiam uma meta de 2% do PIB, acima do 1,9% registrado no ano passado.

    O objetivo era sinalizar ao mercado financeiro a disposição do governo em ajustar seus gastos e evitar um rebaixamento da classificação do país pelas agências de risco.

    A redução na economia feita pelo governo para pagar a dívida é um dos motivos que têm levado investidores a criticar o governo. Em 2013, a meta inicial.

    O DOBRO DO ROMBO

    O Orçamento de 2014, aprovado pelo Congresso, já prevê R$ 9 bilhões para cobrir despesas extras no setor elétrico. Agora, técnicos já falam que a conta pode chegar a quase R$ 18 bilhões.

    A previsão ficou mais salgada por causa do período seco, que reduziu o nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas. Para preservar esses reservatórios, o governo teve de acionar mais usinas térmicas. Mas, como a energia gerada pelas térmicas é mais cara do que a das hidrelétricas, a troca provoca um gasto extra.

    A tendência do governo é fazer o Tesouro bancar boa parte destes custos para evitar que eles sejam repassados integralmente para as tarifas dos consumidores.

    O repasse dos custos pressionaria ainda mais a inflação no ano em que a presidente Dilma tentará a reeleição. Além disso, a redução no valor da conta de luz foi uma das principais bandeiras da presidente no ano passado.

    Ontem, a presidente estava reunida com sua equipe para definir o tamanho do superavit primário deste ano.

    A reunião, no Palácio da Alvorada, contava com os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil), Guido Mantega (Fazenda) e Miriam Belchior (Planejamento).

    Mantega havia prometido divulgar a meta neste mês, quando o governo anunciará quanto dos gastos do Orçamento aprovado pelo Congresso será bloqueado.

     

    Fonte: Folha de S.Paulo

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