Greve de servidor público dura 248% mais

    Paralisações têm em média 160 horas, ante 46 na iniciativa privada, mostra Dieese

    GUSTAVO PATUDE BRASÍLIA

    O número de greves tem crescido tanto no setor privado como no setor público, mostram dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

    Os dados deixam claro, porém, que há uma diferença essencial das greves em um setor e outro: no caso de servidores públicos, as paralisações chegaram a uma média de quase 160 horas paradas no ano passado, ante 46 na iniciativa privada.

    A ausência de regulamentação da negociação coletiva de trabalho no funcionalismo continua a ser um fator importante para explicar a discrepância entre a duração das greves nas esferas pública e privada”, diz documento do Dieese.

    Por esse raciocínio, no serviço público, em razão da inexistência de datas-base definidas, as paralisações acabam funcionando como um meio para forçar a abertura das negociações salariais.

    Não é difícil imaginar também que a estabilidade no emprego facilita ficar parado por mais tempo.

    O número de greves no serviço público federal, estadual e municipal, incluindo as estatais, saltou de 251, em 2009, para 409 em 2012.

    O número de horas paradas cresceu ainda mais rapidamente, de 25,3 mil para 65,4 mil.

    No setor privado, as greves chegaram a 461 no ano passado, mas as horas paradas não passaram de 21,2 mil, sempre segundo o Dieese.

    SALÁRIOS

    Um dos setores da sociedade mais beneficiados na era de crescimento econômico mais acelerado dos anos Lula, o funcionalismo mantém hoje vantagens salariais, mas com progressos mais modestos ou perdas de rendimento.

    A pesquisa de emprego feita pelo IBGE nas seis maiores regiões metropolitanas do país (São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Porto Alegre) mostra que, depois de uma escalada de ganhos entre 2002 e 2010, os salários no serviço público ainda crescem, mas em ritmo inferior ao da renda –mais baixa– do trabalho no setor privado.

    Trata-se de uma consequência da estagnação da economia a partir do início do mandato da presidente Dilma Rousseff.

    Com o consumo e o investimento andando a passos mais lentos no país, perdeu fôlego também a arrecadação de impostos e a capacidade de conceder reajustes aos servidores.

    Carreiras de elite, caso de delegados, auditores-fiscais, procuradores e diplomatas, que tiveram aumentos de até 69% em seu poder de compra durante os dois mandatos de Lula, receberam reajustes abaixo da inflação no governo Dilma.

     

    Fonte: Folha de S. Paulo

     

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