Hamilton, o diretor de política econômica mais longevo do BC

    Por Angela Bittencourt | De São Paulo

    O diretor de política econômica do Banco Central (BC), Carlos Hamilton Araújo, fez na quarta-feira, pela 32ª vez, um balanço da economia brasileira para a enxuta plateia de sete integrantes do Comitê de Política Monetária (Copom), que decidiu desacelerar o ritmo de ajuste da Selic após três horas e meia de debates. A taxa básica foi fixada em 10,75% ao ano. E possivelmente se aproxima de um longo período de estabilidade, arriscam alguns economistas.

    Esse último encontro do Copom foi emblemático para o público externo e interno do Banco Central. Para o público externo, mereceu destaque o fato de a instituição ter “devolvido” a Selic ao ponto em que estava quando a presidente Dilma Rousseff assumiu a presidência, em janeiro de 2011. Para o público interno, com esse encontro do colegiado, o funcionário de carreira Carlos Hamilton Araújo alcançou também o título de diretor de política econômica mais longevo da história do BC.

    O economista completou quatro anos no cargo. É o primeiro servidor público a alcançar essa posição ocupada nas últimas duas décadas basicamente por acadêmicos: Francisco Lopes, Sérgio Werlang, Ilan Goldfajn, Afonso Bevilaqua e Mário Mesquita.

    Carlos Hamilton foi indicado pelo antecessor Mário Mesquita. E tirou do páreo de recordista no comando da Política Econômica da instituição, com três anos e oito meses de casa, o economista Afonso Bevilaqua.

    Carlos Hamilton, de 50 anos, cearense de Sobral e resoluto defensor do regime de metas para a inflação, protagonizou em abril de 2013 uma cena inédita na história da política monetária nacional. Principal responsável por documentos produzidos pelo BC, o diretor não hesitou em contrariar o conteúdo da ata do Copom que marcou o início do ciclo de aperto monetário que agora totalizou 350 pontos-base.

    A ata de abril de 2013 chancelou a expectativa de um breve ciclo de aperto monetário, com ajustes moderados da Selic, num contexto harmônico em que todos os membros do Comitê entenderam ser necessário “neutralizar riscos” que se apresentam para a inflação, notadamente para o próximo ano.

    Pouco depois, em evento promovido pelo Itaú BBA, Hamilton fez um duro pronunciamento a favor do controle da inflação e apresentou um diagnóstico – bem menos palatável que o da ata – sobre o comportamento dos preços. Esse discurso pós-ata do diretor de Política Econômica do BC acabou mobilizando a instituição a indicar que suas opiniões refletiam a visão de toda a diretoria da autarquia.

     

    Fonte: Valor Econômico

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