Para 2014, país tem projeções mantidas

    Nem com surpresa positiva no quarto trimestre, mudam estimativas

    Clarice Spitz, Lucianne Carneiro e Nelson Lima

    A recessão técnica não veio e a maior parte de bancos e consultorias, que estava preparada para uma revisão da projeção do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos) para baixo em 2014 e acabou surpreendida com o resultado de ontem, decidiu manter as projeções. O ministro Guido Mantega chegou a sugerir aos analistas passar o fim de semana revendo suas projeções, desta vez para cima. No último Boletim Focus, o PIB de 2014 foi revisado para 1,67%. 

    – Para 2014, mantivemos a nossa previsão de 1,8%, que não é grande coisa, mas se o resultado tivesse vindo ruim, revisaríamos para menos – afirma Silvia Matos, da FGV/Ibre. 

    A MB Associados também manteve a projeção de alta de 1,6% do PIB em 2014. No primeiro trimestre, estima uma alta de 0,4% frente ao quarto trimestre. 

    – Estamos observando um começo de ano ainda fraco. Temos os juros subindo e incerteza em relação à política econômica. Será um desempenho pior que em 2013 – afirma o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale. 

    O Itaú Unibanco manteve a estimativa de alta de 1,4%, mas pode revisá-la para cima. 

    – Se houver revisão, será pequena para 1,5% – afirma o economista Aurélio Bicalho. 

    A Rosenberg Associados manteve a estimativa de alta de 2,1% neste ano, mas frisa que há dificuldades para o investimento e mantém o viés de baixa. 

    Os balanços de importantes empresas sinalizam dificuldades de investimentos, enquanto a confiança da indústria e do consumidor só recua , diz em relatório. 

    Entre os que já revisaram as previsões, o economista Carlos Thadeu de Freitas, da Confederação Nacional do Comércio, considera que a herança estatística do fim do ano facilita o crescimento em 2014. A projeção passou de 1,7% para 2%. 

    – Em janeiro, já analisamos um comércio efetivo e temos a expectativa de safras recordes na agricultura. A indústria pode manter o patamar atual, com tendência de melhora suave. O país precisa sustentar o crescimento do consumo – afirma. 

    A GAP Asset Management também revisou a projeção para o desempenho do PIB este ano de 1,5% para até 1,8%. 

    – Diante do crescimento maior no último trimestre, vamos garantir uma expansão de 0,7% do PIB, mesmo que a economia não cresça este ano, vamos revisar – disse o economista Alexandre Maia.

     

    Fonte: O Globo

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