Inflação ao produtor deve chegar ao consumidor este mês

    Com o avanço de 1,16% em novembro do IPP, o varejo de não duráveis deve iniciar repasses logo no início do ano

    A apreciação do dólar frente ao real e o aumento da energia elétrica, são alguns dos itens que elevaram os custos das indústrias de transformação, pressionando o Índice de Preços ao Produtor (IPP), que subiu 1,16% em novembro, quando comparado ao mês imediatamente anterior, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para especialistas, a inflação no atacado não deve demorar para chegar ao varejo. Para bens não duráveis, como alimentos e combustíveis, a transmissão deve bater na porta do consumidor agora em janeiro.

    Segundo o economista da Confederação Nacional do Comércio, Fabio Bentes, o efeito de transmissão é captado pelo IPV, Índice de Preços ao Varejo, sendo mais rapidamente sentido nos itens que compõem o grupo dos bens não duráveis. Já os bens duráveis podem levar até nove meses para repassar os impactos da alta.

    “A demora acontece porque os bens de consumo duráveis podem ser estocados. O varejista pode administrar os estoques para segurar esse aumento, ainda mais em um período de baixa atividade econômica e baixo consumo. Já os atacadistas de supermercado, por exemplo, não. Se segurarem os estoques, perdem a mercadoria”, explica Bentes. “Possivelmente, 2015 vai repetir o início de ano de 2014, com uma inflação forte dos alimentos”, completa.

    A inflação de 1,16% medida pelo IPP de novembro é a maior variação mensal desde janeiro de 2014, quando tinha marcado alta de 1,43%. No acumulado do ano até novembro, o IPP ficou em 3,94%, contra 2,75% do mês anterior. No acumulado em 12 meses, os preços aumentaram 4,56%, contra 4,03% em setembro.

    Das 23 atividades pesquisadas pelo IBGE, 20 registraram aumento nos preços ao produtor, sendo as maiores influências vindas dos alimentos (0,29 ponto percentual), refino de petróleo e produtos de álcool(0,20 p.p.), veículos automotores (0,12 p.p.) e metalurgia (0,11 p.p.).

    Nos alimentos, o IPP subiu 1,45% na passagem de outubro para novembro, já nos combustíveis a expansão foi maior de 1,8%. “Como a transmissão é rápida e a inflação é alta, em janeiro teremos essa pressão na inflação dos alimentos e dos combustíveis no varejo”, aponta Bentes.

    Na metalurgia, houve expansão de 1,32%. Com isso, o setor acumulou no ano variações de preços de 10,48%, o maior avanço entre todas as atividades das indústrias de transformação e também deste indicador na atividade desde o início da série do IBGE. Já a fabricação de veículos automotores registrou em novembro variação de 1,03% no indicador mensal.

    Fabio Bentes destaca que, por trás dessa aceleração de 1,16% do IPP em novembro, está o pico de desvalorização do real frente ao dólar, acontecido em outubro – quando a taxa de câmbio subiu 4,9% em relação a setembro . “No segundo semestre, a taxa de valorização do câmbio ficou em 18%. Enquanto que no primeiro semestre fora de 4,7%”, diz.

    “Com o Boletim Focus (do Banco CENTRAL) prevendo que o câmbio vá chegar a R$ 2,75 em 2015, acredito que essa pressão do dólar nos preços do atacado deve ser menor ao longo de 2015. Além disso, não teremos uma pressão por demanda e, com as margens já limitadas, o varejo não terá poder de repassar integralmente preços, o que deve contribuir para dificultar ainda mais o ano para o comércio”, analisa Bentes.

     

    Fonte: Brasil Econômico

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