Inflação recua e reforça previsão de corte de juros

    IPCA-15 cai 0,18% em julho, puxado pela retração nos preços de alimentos e de itens de transporte. Para analistas, BC cortará Selic para 9,25% na próxima semana

    Autor: ANTONIO TEMÓTEO

    O bom comportamento da inflação consolidou a aposta do mercado de que o Banco Central (BC) cortará a Taxa Básica de Juros em mais um ponto percentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para 25 e 26 de julho. O último levantamento do Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) mostra que o indicador recuou 0,18% entre 15 de junho e 15 de julho, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi o menor resultado desde setembro de 1998, quando houve queda de 0,44%.

    No acumulado em 12 meses, o IPCA-15 registra alta de 2,78%, a menor desde março de 1999. De janeiro a julho, a variação é positiva em 1,44%. As principais contribuições para a queda registrada neste mês foram dadas por dois grupos de produtos que representam quase metade das despesas dos brasileiros. O de alimentos teve variação negativa de 0,55% e o de transportes desabou 0,64%.

    Os preços da maioria dos alimentos caíram em julho. A batata-inglesa ficou 19,07% mais barata, o tomate teve queda de 8,48% e as frutas baixaram 4%. Na alimentação fora de casa, no entanto, foi computada alta de 0,20%. No caso dos itens de transportes, o etanol teve retração de 4,81%, enquanto a gasolina passou a custar menos 2,98%. Por outro lado, as passagens aéreas subiram 5,77%. Outro grupo que registrou deflação foi o de artigos de residência, com queda de 0,55%.

    Em Brasília, a inflação acumula alta de 3,6% nos últimos 12 meses encerrados em julho. O percentual é quase três vezes maior do que o registrado em Goiânia, de 1,35%. Em São Paulo, os preços tiveram elevação média de 2,81% e no Rio de Janeiro, de 3,62%.

    Expectativas

    O aumento da tributação sobre a gasolina, anunciado ontem pelo governo, não altera a avaliação postiva dos especialistas a respeito da inflação. A safra agrícola recorde é grande responsável pela redução dos preços dos alimentos, grupo com maior peso na inflação, avaliam os analistas Rafael Freda Reis e Wesley Bernabé, do BB Investimentos. Para eles, a queda geral de preços, provocada em grande parte pela recessão econômica, tem surpreendido o mercado. Assim, os resultados do IPCA-15 devem levar o BC a cortar a Taxa Básica de Juros (Selic) em um ponto percentual, para 9,25% ao ano.

    O economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, observou que o índice ficou abaixo das expectativas do mercado, que esperava queda de 0,10%. ‘Isso deve consolidar em 100% a probabilidade de corte de um ponto percentual na Selic na reunião do Copom da semana que vem, apontando para um cenário de a taxa atingir 8% até o final do ano’, afirmou.

    O ambiente é benigno de inflação e as perspectivas de médio prazo confortáveis, avalia o economista-chefe do Goldman Sachs para América Latina, Alberto Ramos. Conforme ele, as expectativas para IPCA estão ancoradas e o dólar não mostra volatilidade, mesmo com a crise política e as incertezas. Ramos ainda destacou que o nível de ociosidade da economia e a taxa de desemprego favorecem o processo de desinflação. ‘Na nossa avaliação, esse cenário encorajará o Copom a manter o ritmo de cortes de taxas em um ponto percentual na próxima reunião’, disse.

    Fonte: Correio Braziliense

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