Integração sem hegemonia

    FOI ASSIM QUE A PRESIDENTA DILMA ROUSSEFF DEFINIU A SITUAÇÃO DA AMÉRICA LATINA, EM ENCONTRO PROMOVIDO PELA CLINTON GLOBAL INITIATIVE, CRIADA PELO EX-PRESIDENTE DOS EUA BILL CLINTON

    Ao lado de Clinton, Dilma defende o respeito à soberania

    Eduardo Miranda

    Presidenta discursou como convidada em evento da Clinton Global Initiative, do ex-presidente Bill Clinton

    Discursando como convidada na conferência da Clinton Global Initiative (CGI) para a América Latina, realizada em um hotel no Rio de Janeiro, a presidenta Dilma Rousseff afirmou que o Brasil tem desempenhado importante função no diálogo entre as nações, mas ressaltou que uma “verdadeira integração dispensa lideranças”. “Em um projeto de integração não cabe espaço para relações hegemônicas. 

    Esse é o caminho que estamos seguindo com os demais países: um processo que supõe respeito à soberania dos Estados. Mas iniciativas supranacionais, próprias dos processos de integração regional, também exigem prudência para que não se sacrifique os termos próprios e os legítimos interesses de um país, em detrimento de outro”. 

    Com o ex-presidente norte-americano Bill Clinton a seu lado no palco — ouvindo seu discurso atentamente — e como ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o Governador do Rio, Sérgio Cabral, na plateia, Dilma reafirmou que seu governo vem prezando “pela solidez das finanças públicas e pelo controle da inflação”. A presidenta assegurou que o país fechará o ano com a inflação em torno de 5,8%. Sobre a relação entre a dívida líquida e o PIB, Dilma disse que em 2013 chegaremos a um de seus menores patamares: 35%. 

    Como parâmetro, a presidenta citou a taxa de dez anos atrás, que era de 60,4%. Comentando os números da economia brasileira da última década, Dilma disse que o número de empregos criados está colocando o Brasil em posição invejável, além de colaborar para a erradicação da pobreza. “No meu governo, criamos mais de 4,8 milhões de empregos até outubro. Chegaremos a uma das menores taxas de desemprego de todos os tempos. 

    O que coloca o Brasil numa situação invejável no mundo todo. Nos últimos dez anos, conseguimos criar 20 milhões de empregos formais. Essas políticas reduziram a pobreza em 58%”, afirmou. A presidenta contou ainda que as políticas de transferência de renda, que tiraram 36 milhões de pessoas da pobreza extrema e da miséria, colaboraram para a formação de um expressivo mercado de consumo em massa. 

    “Políticas sociais, dentre as quais a transferência de renda, permitiram aqui no Brasil que 40 milhões de pessoas se encaixassem nos padrões econômicos da nossa classe média. Isso (a transferência de renda) permitiu a configuração de um grande mercado de massa”, argumentou. 

    No âmbito das relações comerciais, Dilma citou acordos de integração e tratados como a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), a Comunidade de Estados Latino- Americanos e Caribenhos (Celac) e o Mercosul, que, segundo ela, registrou uma “extraordinária expansão comercial” de US$ 4,5 bilhões, nos anos 90, para US$ 58 bilhões em 2012. 

    A presidenta argumentou que os países da América Latina têm desafios semelhantes e que a integração entre eles colaborou não apenas para enfrentar a crise econômica mundial de 2008, como também para promover o crescimento econômico da região. “Entre 2003 e 2008, segundo a Cepal, a América Latina e o Caribe registraram crescimento médio de 4,6%. 

    O percentual de pessoas na pobreza extrema baixou de 26% para 11%. As taxas de desemprego regional caíram para 6,4% agora em 2012”, ressaltou a presidenta, afirmando que o poder aquisitivo da maioria dos latino-americanos também aumentou em decorrência da inflação em torno de 5,4%. 

    No encontro—que termina hoje e tem como principais eixos de discussão o desenvolvimento sustentável e o papel da iniciativa privada— Dilma citou o leilão de Libra e o pré-sal, que, segundo ela, vão gerar uma receita de R$ 1 trilhão nos próximos 10 anos, e assegurou que 75% dos royalties de exploração de petróleo brasileiro e 50% em pré-sal serão destinados para a educação. 

    Dilma deixou o evento sem falar com a imprensa. Seguiu para o Galeão, onde embarcou, no início da tarde, para o funeral de Nelson Mandela, na África do Sul , acompanhada dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Henrique, Fernando Collor e José Sarney.

     

    Fonte: Brasil Econômico

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