Investimento direto no país deve fechar o ano em US$ 75 bilhões, projeta BC

    Depois de se manter no patamar de US$ 80 bilhões durante todo este ano, os investimentos diretos no país (IDP) deverão registrar recuo até dezembro, fechando em US$ 75 bilhões, prevê o Banco Central (BC). Em outubro, os ingressos seguiram robustos, somando US$ 8,240 bilhões, mas a expectativa oficial é que em novembro caiam à metade desse valor.

    Para a autoridade monetária, porém, a esperada queda no fluxo de capitais estrangeiros ao setor produtivo reflete, em parte, um fenômeno estatístico. Em dezembro de 2016, os ingressos foram atipicamente altos, somando US$ 15,3 bilhões. O BC espera que o IDP fique em cerca de US$ 10 bilhões no último mês deste ano, um montante significativo, mas que não impedirá a queda do fluxo acumulado em 12 meses.

    A previsão oficial é que o IDP ganhe um novo impulso em 2018, apesar das incertezas que cercam as eleições presidenciais, fechando o ano em US$ 80 bilhões. “É claro que um ambiente de incertezas teria efeito no IDP, mas as perspectivas de crescimento da economia e as oportunidades setoriais são fatores mais importantes”, afirma o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha.

    Ele lembrou que nas últimas eleições presidenciais, realizadas em 2014, os investimentos diretos tiveram aceleração em relação ao ano anterior, passando de US$ 69,7 bilhões para US$ 97,2 bilhões de um ano para outro.

    Em 12 meses até outubro, o IDP somou US$ 83,269 bilhões, cifra que representa 4,14% do Produto Interno Bruto (PIB) estimado pelo BC para o período. O fluxo de investimentos diretos financia com conforto as contas externas do país, equivalendo a mais do que oito vezes o Déficit em transações correntes, que ficou em 0,48% do PIB no mesmo período.

    Em outubro, o Déficit em transações correntes surpreendeu para baixo, ficando em US$ 343 milhões, menor desde outubro de 2007, e um terços do US$ 1 bilhão esperado pelo próprio BC. No ano, o Déficit acumulado é de U$$ 3,033 bilhões, o que deixa um tanto defasada a previsão do BC de um Déficit de US$ 16 bilhões para o ano.

    Em dezembro, o BC promoverá nova revisão de seus prognósticos para o desempenho das contas externas em 2017 e 2018, e certamente o número será revisado. Para novembro, o BC projeta um Déficit de US$ 1,5 bilhão, praticamente o dobro dos US$ 718 bilhões vistos em novembro de 2016.

    O que garante o resultado melhor do que o esperado nas transações correntes em 2017 é o desempenho da balança comercial, que mostra superávit de US$ 56 bilhões de janeiro a outubro, alta de 55% sobre igual período do ano passado.

    No primeiro semestre, as exportações surpreenderam, puxadas pela alta de preços, mas Rocha diz que os volumes exportados passaram a ter peso relevante no superávit no segundo semestre. Já as importações mostram aumento relacionado à retomada, mesmo que ainda tímida, da atividade econômica.

    Os investimentos em carteiras seguem comportamento errático que marcou todo o ano de 2017. O mercado de ações teve saída de US$ 399 milhões no mês passado, após receber US$ 992 milhões em setembro. Já a parcial para novembro, até o dia 21, mostrava resultado positivo em US$ 613 milhões. No ano, a conta é positiva em US$ 1,412 bilhão.

    Na renda fixa negociada no país os ingressos foram de US$ 1,477 bilhão no mês, após saída de US$ 884 milhões em setembro. A parcial mostra breve saída de US$ 20 milhões até 21 de novembro. Para 2017, o BC trabalha com a estimativa de fluxo neutro, quadro que deve se repetir em 2018. No ano, a renda fixa tem perda de US$ 34 milhões.

    O aumento da renda e um Câmbio mais depreciado em comparação com 2016 seguem impulsionando o gasto dos brasileiros no exterior, e a conta de viagens internacionais volta a patamares não visto desde de 2014, quando foi registrado um Déficit de US$ 18,7 bilhões.

    Em outubro, o gasto dos turistas no exterior foi de US$ 1,637 bilhão, alta interanual de 15%, e no ano soma US$ 15,782 bilhões. Também no ano, os estrangeiros deixaram US$ 4,823 bilhões no país. O Déficit de viagem foi de US$ 10,96 bilhões, maior que todo o de 2016.

    As remessas de lucros e dividendos somou US$ 1,454 bilhão no mês e totaliza US$ 15,7 bilhões no ano, acima dos US$ 13,723 bilhões de 2016. Já na conta de Juros, o dispêndio em 2017 está em US$ 18,587 bilhões, acima dos US$ 17,458 bilhões de 2016, refletindo o aumento nas taxas externas de Juros.

    Fonte: VALOR ECONÔMICO

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