Juro futuro deixa de projetar Selic a 10% no fim do ano

    Antonio Perez

    O mercado de juros futuros da BM&F inicia a semana já sem a convicção de que a taxa básica de juros (Selic) encerrará o ano em dois dígitos. Com a volta do dólar ao nível de R$ 2,30 – na sexta, fechou a R$ 2,304, com baixa de 0,86% – e o tom ameno da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), os investidores deixaram de lado a aposta, antes amplamente majoritária, de que a Selic será elevada até 10%.

    O contrato futuro de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2014 – reflexo das estimativas para os juros daqui até o fim do ano- sofreu um processo de “desidratação” nos últimos pregões da semana passada. Na quarta, véspera da divulgação da ata do Copom, o contrato projetava aperto monetário adicional de 1,10 ponto percentual. Refletia, assim, aposta em mais duas altas da Selic em 0,50 ponto percentual, para 10% ao ano, além de carregar um prêmio de 0,10 ponto percentual. Na quinta-feira, esse prêmio adicional havia encolhido para 0,5 ponto. Foi na sexta-feira que houve a mudança mais significativa.

    No último pregão da semana passada, marcado por redução das taxas dos principais contratos, o DI para janeiro de 2014 fechou a 9,22% (ante 9,27% no pregão anterior). Com isso, passou a projetar alta da taxa básica para 9,93% até o fim do ano. Na prática, isso significa que a aposta de alta de 0,50 ponto da Selic no encontro do Copom em outubro (dias 27 e 28) fica mantida. Mas os investidores já se dividem em relação ao que o colegiado pode fazer em novembro. Parte dos investidores ainda mantém a perspectiva de mais 0,50 ponto. Já há quem, contudo, acredite que o Copom pode diminuir o ritmo e elevar a taxa básica em 0,25 ponto, para 9,75% ao ano.

    Além da ata do Copom, contribuíram para essa mudança nas projeções a queda do dólar, que fechou na sexta-feira a 2,304, e o IPCA de agosto, cuja alta de 0,24% ficou abaixo do estimado. Dados das vendas no varejo, que serão divulgados pelo IBGE na quarta-feira, e o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) na sexta-feira, ambos referentes a julho – marcado pelo tombo da produção industrial – podem consolidar as apostas de que a Selic não atingirá dois dígitos.

     

    Fonte: Valor Econômico

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