DECO BANCILLON
Além de ser um dos lanternas no ranking de projeções de crescimento para 2013 e 2014 e o único entre os países latino-americanos e caribenhos a elevar as taxas de juros este ano, o Brasil tem, disparado, a maior dívida pública da região. Enquanto na maioria das nações o endividamento fica entre 20% e 40% do Produto Interno Bruto (PIB), conforme as estimativas da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), aqui o comprometimento beira os 60%, limite para as agências de classificação rebaixarem a nota de risco do país.
Entre os principais fatores que mantêm essa relação alta estão a redução das metas de superavit primário (a economia para o pagamento de juros da dívida), repasses para bancos públicos e, sobretudo, a gastança do governo. Estados e municípios também têm elevada participação no endividamento do país. Um projeto do Senado prevê a renegociação desses débitos com o governo central, o que pode piorar ainda mais as condições das contas públicas, já bastante questionadas pelo mercado.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem, ao participar de encontro com industriais, que a aprovação da proposta não seria uma boa sinalização para o mercado. “Nós gostaríamos que isso fosse deixado para outro momento.” O ministro disse ainda que não vai tomar nenhuma medida que ponha em risco a execução de um superavit primário por parte dos estados. “Estados e municípios também têm que se empenhar para fazer a parte deles”, reiterou. (Colaborou Simone Kafruni)
Fonte: Correio Braziliense