Mais instituições revisam estimativas para câmbio e juros

    Por José de Castro e Lucas Hirata | De São Paulo

    Os mercados de renda fixa e Câmbio no Brasil começaram a semana com oscilações contidas, à espera de dados de inflação no Brasil e nos Estados Unidos. Em ambos os mercados, o volume de ontem foi o mais fraco em um mês. Ainda assim, a segunda-feira trouxe novas revisões nas estimativas para dólar e Selic, na esteira dos desdobramentos recentes nos mercados locais.

    Hoje, o IGP-DI de julho pode gerar alguma movimentação nos trechos curtos da curva de Juros da B3 caso venha mais abaixo que o esperado. O dado antecede a divulgação na quarta-feira do IPCA do mês passado. O mercado espera menor deflação para o IGP-DI e inflação de 0,16% para o IPCA, segundo a pesquisa Focus do Banco Central, conhecida ontem.

    No fim do dia, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2018 – que reflete apostas para o patamar da Selic ao fim deste ano – ficou em 8,19% ao ano, frente a 8,185% no ajuste anterior. No total, pouco mais de 713 mil contratos foram negociados na véspera, menor volume desde 4 de julho e 45% abaixo da média diária dos 30 dias anteriores.

    O dólar comercial ficou praticamente estável, a R$ 3,1253. No mercado futuro, o giro de 165.455 ativos foi o menor também desde 4 de julho.

    A estabilidade da moeda, no entanto, representa um ponto fora da curva da trajetória recentemente observada. Passado o estresse inicial da crise política de maio, o dólar não só devolveu toda a alta acumulada desde então como passou a operar em patamares ainda mais baixos. Desde que alcançou o pico de R$ 3,3836 em 18 de maio, a cotação já perdeu 7,63%.

    A trégua no cenário político doméstico e o ambiente externo ainda favorável a risco já levaram algumas instituições a rever para baixo os prognósticos.

    O Bradesco agora projeta taxa de Câmbio de R$ 3,10 no término de 2017, contra R$ 3,20 no cenário anterior. Para o fim de 2018, a estimativa foi reduzida de R$ 3,30 para R$ 3,20. No curto prazo, o Bradesco considera haver “certa assimetria positiva”, uma vez que o crescimento deve seguir sustentável, as questões políticas e geopolíticas estão controladas e a política monetária continuará acomodatícia nas principais economias desenvolvidas, favorecendo o fluxo de capitais para os países emergentes. O Bradesco cortou ainda projeção para a Selic, de 8% para 7,5% ao fim deste ano.

    O Haitong também ajustou cenários para Câmbio e Juros. O banco espera agora que o dólar feche o ano em R$ 3,30, contra R$ 3,40 antes. Para a instituição, a política monetária americana deve ser apertada de forma ainda mais gradual ao longo dos próximos meses, o que tende a beneficiar o Câmbio no Brasil num contexto internacional já considerado bastante favorável.

    “Parece difícil acreditar que vamos ver uma forte reversão desse fortalecimento do real”, afirma o economista-chefe do Haitong no Brasil, Jankiel Santos. Santos lembra, porém, que apesar da revisão para baixo ainda vê espaço para depreciação do real ante os patamares atuais, devido ao menor estoque de swaps cambiais e a algum aumento nas importações. A expectativa para o fim de 2018 é de dólar em R$ 3,45, frente a R$ 3,55 na leitura anterior. No novo cenário, o juro básico deve terminar o ano em 7,50%, patamar que se estenderá até o fim de 2018. Até o fim de julho, o Haitong projetava Selic terminal de 8%.

    Fonte: VALOR ECONÔMICO

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