Por Antonio Perez, Lucinda Pinto, Silvia Rosa e José de Castro | De São Paulo
Em semana de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que anuncia a nova taxa Selic amanhã, e ainda sob o impacto negativo do impasse fiscal nos EUA, os investidores optaram por iniciar a semana em tom de cautela nos mercados de juros futuros e câmbio. Em um dia de baixa liquidez, o dólar fechou que ligeira queda de 0,09%, a R$ 2,209.
Na BM&F, as taxas dos contratos futuros de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento mais distante fecharam em queda, acompanhando o recuo do retorno dos títulos do Tesouro americano (Treasuries). O DI para janeiro de 2017, mais ligado à percepção de risco, fechou a 11,24% (ante 11,28% no pregão anterior). Já o DI com vencimento em janeiro de 2015 encerrou a 10,08% (ante 10,14%).
Entre os contratos ligados diretamente ao rumo da política monetária no curto prazo, o DI para janeiro de 2014 subiu um degrau, de 9,41% para 9,42%. O avanço refletiu um ajuste à taxa do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI), referência para o mercado de juros futuros. A taxa, apurada pela Cetip, alcançou 8,83% na sexta-feira, bem acima do nível dos dias anteriores (8,70%). Ou seja, está longe de refletir um aperto monetário mais intenso.
Considerando o pregão de ontem, os juros futuros embutem perspectiva de alta de 0,50 ponto percentual da Selic esta semana, para 9,50% ao ano. Há dissenso quando o tema é o encontro do Copom em novembro, com as apostas divididas entre nova alta de 0,50 ponto percentual e uma elevação de 0,25 ponto.
Se o Copom repetir nesta semana o texto dos comunicados dos últimos três encontros (agosto, julho e maio), é porque, apostam economistas e estrategistas de renda fixa, pretende subir a Selic para 10% em novembro, quiçá alongar o aperto monetário até o início de 2014. Alterações no comunicado serão vistas como sinal de que o BC está disposto a reduzir o passo.
De modo geral, o real pode ser impactado caso o BC sinalize a parada no aperto monetário, aponta o Goldman Sachs em relatório.
Com o dólar acumulando queda de 9,87% desde 22 de agosto, quando foi anunciado o programa de intervenções do BC, o custo de se manter uma posição comprada na moeda americana está muito alto e há menor disposição dos investidores em aumentar essa alocação, destaca um operador de câmbio. Com a maior cautela dos investidores, as atuações diárias do Banco Central no mercado de câmbio ganham maior peso, contribuindo para a queda do dólar no mercado interno.
Ontem o BC vendeu 10 mil contratos de swap cambial (que equivalem a uma venda de dólares no mercado futuro) dentro do programa de intervenções diárias, cuja operação somou US$ 497,8 milhões.
Segundo Sidnei Nehme, diretor executivo da corretora NGO, uma demora na solução para o teto da dívida nos Estados Unidos pode levar os investidores a adiar a alocação para os mercados emergentes.
Para ele, não há razão para o dólar manter a cotação atual em torno de R$ 2,20, dado que o fluxo cambial ainda está negativo. “O BC deveria antecipar a alta da taxa Selic na próxima reunião, elevando-a em 0,75 ponto, para atrair o investidores estrangeiro.” O diretor da NGO trabalha com o dólar em torno de R$ 2,30 no fim de 2013.
Fonte: Valor Econômico