Por Ana Conceição e Arícia Martins | De São Paulo
As expectativas do mercado para a inflação continuam a se deteriorar, segundo o boletim Focus, divulgado ontem pelo Banco CENTRAL. A mediana das estimativas, colhidas entre cerca de cem instituições, para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano subiu de 6,01% para 6,11%. Há um mês, a projeção era de 5,93%.
Os analistas também ficaram mais pessimistas em relação à trajetória de outros indicadores, tanto do atacado como do varejo. A mediana para o Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe), que mede a inflação na cidade de São Paulo, passou de 5,78% para 5,96%. Já as apostas para o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), da Fundação Getulio Vargas (FGV), aumentaram de 6,03% para 6,5%, enquanto a previsão para o IGP-DI saiu de 6,05% para 6,59%.
Os ajustes ocorrem depois de o IPCA de fevereiro ter subido 0,69%, um pouco acima do esperado, e de alguns indicadores de preço no varejo de março, como o Índice de Preços ao Consumidor -Semanal (IPC-S), da FGV, já mostrarem aceleração por conta de uma nova alta nos preços dos alimentos.
Para Flávio Serrano, economista-sênior do BES Investimento, o choque de alimentos em função da estiagem será temporário, e seus efeitos nos índices de inflação devem ser compensados com taxas mais baixas no meio do ano. Serrano elevou, no entanto, de 6% para 6,1% sua projeção para o aumento do IPCA em 2014. “O problema é que esse choque terá impacto sobre expectativas e demais preços, e vamos acabar herdando um pouco mais de inflação no ano por conta disso.”
Fonte: Valor Econômico