Meta fiscal sugere avanço menor dos juros e anima mercados

    Dólar recua 0,71% e Bovespa sobe 0,29% após anúncio do governo

     

    Bruno Villas Bôas

    bruno.villas@oglobo.com.br

    João Sorima Neto

    joao.sorima@sp.oglobo.com.br

     

    RIO e SÃO PAULO > O mercado financeiro reagiu favoravelmente aos números da meta fiscal anunciados ontem pelo governo. O dólar caiu ao menor nível em duas semanas, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) subiu e os juros futuros recuaram, com a expectativa de uma alta menor na taxa básica de juros Selic.

    A queda do dólar foi de 0,71%, a R$ 2,373, menor cotação desde 22 de janeiro. Pouco antes do anúncio, às 10h30m, o câmbio tinha leve alta de 0,04%. Já o Ibovespa, principal índice do mercado de ações brasileiro, subiu 0,29%, aos 47.288 pontos e volume negociado de R$ 5,7 bilhões.

    No mercado de juros futuros, o anúncio da meta fiscal acelerou a queda das taxas dos contratos DI, negociados na BM&FBovespa. Segundo Rogerio Braga, diretor de gestão de renda fixa e multimercados da Quantitas, o maior esforço fiscal contribui para reforçar as apostas do mercado em uma elevação menor da Selic na reunião do Comitê de política monetária (Copom) da próxima semana. Os contratos de DI com vencimento em janeiro de 2015, os mais negociados, cederam de 11,13%, para 11,04%. Os contratos com vencimento em janeiro de 2017 caíram de 12,51%, para 12,33%.

    Para Flavia Cattan Naslausky, diretora de renda fixa para América Latina da Royal bank of Scotland (RBS), o corte orçamentário veio próximo das expectativas mais altas do mercado, que variavam de R$ 20 bilhões a R$ 50 bilhões. Para ela, a reação imediata do mercado é positiva, mas investidores podem reavaliar sua percepção à medida que se aprofundarem sobre os detalhes.

    – Eu esperava o contingenciamento na parte mais alta das expectativas e não tinha como ser diferente. O governo tinha que entregar um número com impacto – disse a analista.

    ´números factíveis´ >

    O sócio do Pátria Investimentos Luís Fernando Lopes avaliou que a meta de superávit fiscal de 1,9% do PIB ficou dentro das expectativas do mercado (eram de 1,75% a 2% do PIB), o que provocou a reação positiva do mercado.

    – O governo anunciou uma meta mais próxima das maiores expectativas, porém dentro do esperado. Pior seria uma meta de 2,5% do PIB, mas certamente mais difícil de ser cumprida – avaliou Lopes.

    Para o estrategista da Queluz Asset Management Maurício Pedrosa, o mercado reagiu bem, mas o cenário econômico continua o mesmo:

    – São números factíveis. Mas as consultorias trabalham com crescimento da economia entre 1,4% e 1,8%, o que compromete a previsão de receitas com um PIB de 2,5% (número estimado pelo governo). Mas muita coisa ainda vai acontecer até que se saiba se as metas serão cumpridas.

     

    Fonte: O Globo

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