O Nordeste foi a única região do país em que houve queda do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre deste ano, segundo estudo da 4E Consultoria divulgado com exclusividade para o Valor. Enquanto o Produto Interno Bruto brasileiro cresceu 0,2% em relação aos três meses anteriores, conforme divulgado no dia 1ºpelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a atividade no Nordeste encolheu 0,5%.
“Houve um crescimento mais disseminado da atividade pelo Brasil no segundo trimestre”, diz Alejandro Padrón, economista da 4E. Ele lembra que a alta de 1% do PIB brasileiro entre janeiro e março foi concentrada quase inteiramente na agropecuária, o que beneficiou principalmente o Centro-Oeste. Mas de abril a junho foram os serviços que puxaram para cima o PIB no Brasil – e para baixo no Nordeste.
A região foi também a única em que houve queda do PIB de serviços no período. O segmento de outros serviços (que inclui alimentação, educação, saúde, transporte, entre outros) respondeu por 1 ponto percentual da queda do PIB nordestino nesse período, nos cálculos da 4E. Já a Pesquisa Mensal dos Serviços (PMS), realizada pelo IBGE, indica recuo de 4,3% na região durante o segundo trimestre. O único Estado nordestino em que não houve recuo da PMS nessa base de comparação foi o Maranhão.
De acordo com Padrón, o desemprego na região ainda atrapalha a retomada do setor. Desde janeiro o Nordeste perdeu 37 mil postos formais de trabalho, na série com ajuste sazonal. Foi o segundo pior desempenho, atrás apenas do Sudeste, cuja população é aproximadamente 50% maior que a nordestina.
Na outra ponta, o Norte registrou o maior crescimento do PIB no segundo trimestre: 2,1%. Essa alta pode ser explicada, em parte, pelo crescimento da população empregada pela administração pública em alguns Estados. No Tocantins e no Amapá, por exemplo, a administração pública é responsável por mais de 30% do PIB. A expansão do setor no período levou a atividade nos dois Estados a crescer aproximadamente 6%.
Em termos setoriais, o principal destaque foi o comércio, que cresceu em todas as regiões no segundo trimestre. O PIB brasileiro recebeu do setor no período um impulso de 0,3 ponto percentual, patamar que se distribuiu de maneira relativamente uniforme entre as cinco regiões. Padrón cita fatores como a alta da renda real e a queda da inflação e dos Juros como responsáveis pelo crescimento do comércio, além de melhora nos índices de emprego – mesmo que no mercado informal. “Isso traz um alívio psicológico. A pessoa abandona aquela cautela e parcimônia que tinha na hora de consumir porque estava com medo de perder emprego”, diz.
A construção civil, por sua vez, viveu situação oposta no segundo trimestre. Houve queda do segmento nas cinco regiões em relação aos três meses anteriores. “É um setor que vem enfrentando dificuldades há dois anos”, diz ele, citando a própria crise econômica e os efeitos negativos da Lava-Jato.
Fonte: VALOR ECONÔMICO