Passagens caras, atrasos e greve

    Além de pagar um alto custo pelos bilhetes, que estão sendo reajustados, consumidores enfrentam atrasos

    GUILHERME ARÁUJO
    ANTONIO TEMÓTEO

    Os brasileiros que pretendem viajar de avião no início de 2014 e ainda não compraram passagens devem preparar o bolso. A Gol informou que vai reajustar em 5,2 % os bilhetes padrão e em 3,8 % os comprados com milhas. Procurada, a companhia não quis justificar o porquê da correção. Mesmo com o anúncio, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) afirmou, durante a apresentação de estatísticas do setor na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, que, quando comparados a 2002, os preços das viagens aéreas ainda estão baixos. 

    A agência reconheceu, porém, que já houve um aumento de valores no primeiro semestre deste ano, mas argumentou que não tem competência para regular os preços dos bilhetes. “Não podemos definir se o cobrado é abusivo nem estipular um teto para as passagens. Apenas acionamos o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) ou os órgãos de proteção aos direitos do consumidor para que tomem as medidas possíveis”, explicou o presidente da Anac, Marcelo Pacheco dos Guaranys. Segundo ele, um dos principais motivos dos reajustes de passagens é o aumento nos preços dos combustíveis. “Isso corresponde a 39% dos valores cobrados pelas viagens”, estimou. 

    O presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz, também atribuiu ao ICMS, que é regional, uma das barreiras para que as passagens aéreas no Brasil não se tornem mais baratas. “Em nenhum lugar neste planeta se cobra tributo regional. Muitas vezes, um consumidor pega um avião em Guarulhos rumo a Fortaleza e paga mais caro que outro que embarca de Guarulhos para Buenos Aires”, exemplificou. Sanovicz ainda incluiu no pacote de empecilhos o método de precificação sobre o combustível da Petrobras. “É o mesmo modelo usado nos anos 1980”, reclamou. 

    Descaso 

    Enquanto governo e empresários discutiam o custo dos bilhetes, os passageiros sofriam com o atraso e o cancelamento de voos, e com o descaso e a falta de informação das empresas no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília. Ao longo de todo o dia, o Correio recebeu reclamações de consumidores que chegaram a ficar horas à espera do embarque. Entre as 14h e as 16h, das 41 decolagens previstas, 18 estavam atrasadas, quase a metade. Muitos passageiros tiveram de aguardar dentro das aeronaves por pelos menos uma hora até a liberação. Outros se espremeram na sala de embarque em pé. Procurada, a Inframérica, que administra o terminal, informou que o fluxo de voos ontem “foi normal”. 

    Informações escondidas

    Desde ontem, os brasileiros não podem mais acompanhar a situação dos voos nos aeroportos de Brasília e de Guarulhos. Após um pedido formal do terminal paulista, que discordava da apuração, a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) deixou de fazer o registro estatístico do fluxo em sua página eletrônica. A estatal nega os desentendimentos com as administradoras e alega que não é mais a responsável pela operação. O terminal da capital federal, por sua vez, informou que solicitará à Infraero a volta do serviço.

     

    Fonte: Correio Braziliense

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