O economista Arminio Fraga, ex-presidente do Banco CENTRAL (BC), defendeu ontem um modelo de autonomia limitado à instituição caso o candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, seja eleito no próximo domingo. “Acredito que isso pode ser demais”, disse Fraga em uma videoconferência ao ser questionado se defendia um modelo em que o BC tivesse independência em relação ao Executivo.
Na videoconferência, promovida pela Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (ANABB), Fraga respondeu, a partir de seu escritório, no Rio de Janeiro, a questões de associados e dirigente da entidade durante pouco mais de uma hora. Sobre a autonomia do BC, ele foi questionado se isso não traria o risco de transformar a autoridade monetária no “quarto poder”. O economista negou.
“Não quero dar essa impressão de que o BC seria livre para fazer o que der na telha”, disse Fraga. Para ele, a instituição “tem uma missão de correr atrás de uma meta de inflação num ritmo adequado, mas não infinito; cabe ao governo sinalizar como o BC deve trabalhar”. Ele defendeu que a inflação seja conduzida “de maneira gradual e virtuosa” ao centro da meta de inflação. “O Brasil precisa de dois ou três anos para voltar à meta”, defendeu Fraga, nome que Aécio anunciou como futuro ministro da Fazenda caso seja eleito.
Fraga também negou que pretenda reduzir o papel dos bancos públicos, uma crítica que vem sendo feita pela campanha petista. Sobre oBanco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, ele disse que as instituições precisam ser “fortalecidas, preservadas e competitivas”. Disse também que pretende eliminar o “aparelhamento” dos bancos, mas, questionado, não citou nenhum caso de escolha por vinculação política. Ele negou, ainda, que o Banco do Brasil venha a passar por novo enxugamento de funcionários, como o que houve no fim da década de 1990. “Não vejo razão para reviver aquela fase. Aquilo foi um Banco saindo daquele período complicado de hiperinflação”, explicou.
Ataques
À noite foi a vez de Alessandro Teixeira, coordenador do programa do governo do PT, ser sabatinado na ANABB. Nome de confiança da presidente Dilma Rousseff, ele acusou a gestão tucana de “dilacerar” o crescimento dos bancos públicos. Teixeira argumentou que o governo FHC cortou 40 mil empregos no setor, enquanto o PT criou ao menos 33 mil novas vagas. “Diminuir isso (bancos públicos) é reduzir a capacidade de crescimento do país”, declarou.
Antigo secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Teixeira disse que é contra a independência doBanco CENTRAL. “Não queremos criar um quarto poder”, destacou. A proposta do PT é oferecer autonomia ao órgão, de forma, que a Presidência não faça intervenções na diretoria.” Ele ainda criticou o modelo neoliberal adotado pelo PSDB: “Os outros (tucanos) não têm a visão de bancos públicos fortes. Para eles, os bancos têm quer ter uma menor participação”, disse. Teixeira alega que o sistema dá o controle total para a livre iniciativa.
“Não quero dar essa impressão de que o Banco CENTRAL seria livre para fazer o que der na telha”
Arminio Fraga, ex-presidente do Banco CENTRAL
“Os outros (tucanos) não têm a visão de bancos públicos fortes”
Alessandro Teixeira, coordenador do programa do governo do PT
Fonte: Correio Braziliense