Por André Guilherme Vieira | De São Paulo
Augusto Nardes: “É pensar como podemos auxiliar. Porque concentrar tudo na Casa Civil, 39 ministérios sem articulação e sem um planejamento adequado…”
O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Augusto Nardes, fez crítica ao modo como a presidente e candidata à reeleição, Dilma Roussef (PT), conduz o governo: “É pensar como a gente pode auxiliar quem for eleito ou reeleito para entregar os produtos para a sociedade. Porque concentrar tudo na Casa Civil, 39 ministérios sem articulação e sem um planejamento adequado… as coisas têm de estar bem estruturadas para que aconteçam”, espetou, sem citar nominalmente a mandatária, ao palestrar ontem em evento sobre governança e Gestão Pública em São Paulo.
Depois, em entrevista coletiva, Nardes diagnosticou que a falta de planejamento e de avaliação de riscos no Estado brasileiro leva à corrupção e citou a Petrobras como exemplo: “O fato de não existir governança facilita a corrupção no Brasil, porque não tem planejamento, não tem metas, não tem avaliação, nem de riscos, como o caso do que aconteceu em relação a Petrobras “, disse, aludindo às investigações que apuram corrupção em contratos da empresa e na aquisição da refinaria de Pasadena, no Texas: “A Petrobras tem 450 mil funcionários, 150 mil são estáveis e o restante não”, ressaltou.
Nardes disse que há possibilidade de a delação premiada do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, repercutir no processo do TCU sobre a aquisição da refinaria Pasadena: “Claro que o fato da delação poderá ter repercussão no processo, se tiver alguma coisa a ver com o processo”, considerou.
O julgamento foi interrompido por pedido de vista no ministro Aroldo Cedraz e não tem prazo para ser retomado.
Na avaliação do chefe do órgão responsável pela fiscalização das contas do governo federal, “há uma necessidade de fortalecer de quadros permanentes nos ministérios. Nós não podemos continuar na improvisação de não termos memória nos ministérios, na estrutura. Isso também acontece nos Estados e municípios”, comparou.
O presidente do TCU entende faltar qualidade na gestão de governo “nos três níveis, não só no federal”. “O crescimento de 2,3% do PIB em 2013 mostra a falta de boa governança no Brasil”, opinou.
Ex-deputado federal (PP-RS) indicado ao TCU pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2005, Nardes também atacou o atual modelo partidário brasileiro: “Precisamos de partidos grandes que discutam o interesse da nação, e não o de grupos”, disse. E sugeriu: “É preciso um novo pacto na federação, uma reforma política”, afirmou.
Fonte: Valor Econômico