Pressão pelo impeachment

    Parlamentares pedem celeridade ao Supremo na publicação de acórdão sobre o rito de afastamento da presidente pelo Congresso
    Deputados da oposição esperam a confirmação de audiência com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, na semana que vem, para pedir celeridade à Corte na publicação do acórdão sobre o rito do impeachment da presidente da República no Congresso. O prazo final para a divulgação do texto é 17 de março, mas parlamentares querem que ele seja publicado antes. Depois, ainda serão analisados recursos questionando a decisão. Ontem, as quatro ações que podem levar à impugnação do mandato de Dilma Rousseff no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foram distribuídas para a ministra Maria Thereza de Assis de Moura, corregedora-geral da Justiça Eleitoral.

    A publicação do acórdão pelo STF depende da entrega dos votos dos integrantes da Corte ao relator Luís Roberto Barroso, que também é o responsável por definir quando serão julgados os recursos já enviados a ele questionando a decisão do STF, em 17 de dezembro. Desde então, foi estabelecido prazo de 60 dias para a publicação do texto. Na ocasião, ficou definido que não poderia haver chapa avulsa para a constituição da comissão especial que analisará o impeachment e que o voto para a eleição dos integrantes deveria ser aberto. Também ficou definido que o Senado é quem terá a palavra final sobre o afastamento preventivo de Dilma.

    Depois do julgamento, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), entrou com embargo de declaração pedindo ao STF que revise as decisões. Na peça, a Câmara apresenta 11 questionamentos sobre a atribuição do Senado no processo de afastamento da presidente Dilma Rousseff, além dos procedimentos. O texto ainda faz duras críticas ao Judiciário por suposta interferência do Supremo no Legislativo. À época, o ministro Marco Aurélio Mello questionou a apresentação do embargo antes de o acórdão ser publicado. “Eu até estranhei, porque os embargos têm um objeto, que é o acórdão. Não vou admitir embargos sem acórdão”, disse, naquela ocasião.

    No TSE

    Enquanto o impeachment segue a passos lentos, a principal aposta da oposição tem sido as ações no TSE. Ontem, o presidente da Corte, Dias Toffoli, enviou todas as quatro ações que tramitam contra Dilma à ministra Maria Thereza. Antes, a corregedora-geral era responsável por elaborar o parecer de três ações e o ministro Luiz Fux, de um processo. A justificativa para fazer a remessa foi relativa à precedência das ações.

    “Fica ainda mais evidente a necessidade de se reunir os processos que tenham a mesma base fática sob a mesma relatoria. Conclui-se, portanto, que devido à precedência da Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) na distribuição, a presente representação deve ser redistribuída à ministra Maria Thereza de Assis Moura, a fim de que as relações jurídicas discutidas em cada ação, no ponto em que se conectam, possam ser conduzidas pelo mesmo órgão julgador”, disse Toffoli, em seu despacho.

    A defesa de Dilma solicitou à Corte que reúna todas as ações de Dilma em uma só, já que todas têm o mesmo questionamento. A solicitação ainda não foi analisada pela Corte. Em todas as ações, o PSDB alega que houve gastos acima do limite informado à Justiça Eleitoral, falta de comprovação de parcela significativa das despesas da campanha e financiamento da campanha por meio de propina recebida pelo esquema de corrupção na Petrobras.

    Delcídio tem viagem autorizada

    O ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou ontem a ida do senador Delcídio Amaral (PT-MS) a São Paulo, entre hoje e 7 de março, para fazer exames médicos. O senador saiu da cadeia na semana passada depois de passar cinco meses preso preventivamente por suspeita de tentar atrapalhar as investigações da Operação Lava-Jato. Na decisão que revogou a prisão do parlamentar, Teori estabeleceu restrições ao petista, como o dever de recolhimento domiciliar no período noturno e a proibição de deixar o país. A defesa do senador e ex-líder do governo pediu a autorização ao Supremo nesta quinta-feira. Ao acatar o pedido, Teori determinou que Delcídio apresente, num prazo não superior a cinco dias, a documentação que comprove as recomendações médicas e a razão pela qual os exames devem ser realizados em São Paulo.

     

    Fonte: Correio Braziliense

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