Prévia da inflação oficial sobe, afirmam analistas

    Depois de cinco meses no campo negativo, os alimentos voltaram a subir na primeira quinzena de outubro, tendência que deve continuar até o fim do ano. Contando principalmente com essa pressão, 25 Instituições Financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data estimam, em média, que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) avançou de 0,11% em setembro para 0,35% neste mês.

    As projeções para a prévia da inflação oficial, a ser divulgada amanhã pelo IBGE, vão de alta de 0,24% até 0,40%. No acumulado em 12 meses, a expectativa também é de aceleração da inflação, que deve passar de 2,56%, até setembro, para 2,71% em outubro.

    O grupo alimentação e bebidas estava em deflação no IPCA desde maio e, agora, deve aumentar 0,19%, prevê Fabio Romão, da LCA Consultores, com avanço de 0,16% nos alimentos dentro do domicílio e de 0,26% na parte de refeições fora. “Não é um movimento preocupante, mas não há dúvidas de que a lua de mel acabou”, diz Romão, mencionando a sazonalidade típica de fim de ano, que pressiona os preços de itens in natura, e também a recomposição das cotações de milho e soja no atacado.

    Como os dois grãos são insumo para rações animais, as carnes também subiram e, na medição atual do IPCA-15, devem aumentar ainda mais, estima o economista. Em seus cálculos, esses preços avançaram 1,57% agora, ante 0,13% na prévia anterior. “Tudo isso sinaliza que os alimentos vão registrar alta também nos últimos dois meses do ano”, afirma Romão, embora em magnitude menor do que o padrão sazonal da época.

    Desde o mês passado, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) agrícola, que compõe os IGPs da Fundação Getulio Vargas (FGV), já vinha mostrando aumento significativo, observa a equipe econômica da Mapfre Investimentos em relatório. “Dada a defasagem na transmissão de preços, os aumentos de preços verificados pelos produtores rurais começaram a aparecer para o consumidor apenas nas últimas medições”, afirmam os economistas da gestora de recursos.

    Além da aceleração de alimentos, a Mapfre destaca, ainda, a alteração da bandeira tarifária nas contas de luz ocorrida em outubro. Ao mudar para o segundo patamar da cor vermelha, o acréscimo é de R$ 3,50 por 100 quilowatt-hora (kWh) consumidos nas tarifas de energia elétrica. “Esse efeito deve impulsionar a inflação na segunda metade de outubro. Portanto, não esperamos impacto significativo nesse IPCA-15″, diz a gestora, que trabalha com alta de 0,30% para o indicador na leitura atual.

    Romão, da LCA, projeta que as tarifas de eletricidade residencial recuaram 0,10% na prévia atual, depois de caírem 0,40% no IPCA-15 anterior. “O efeito da mudança de bandeira é espalhado ao longo do mês, porque as contas de luz vencem em datas diferentes”, explica. Ainda assim, o grupo habitação deve acelerar de 0,26% para 0,45% nas contas da consultoria, também em função do reajuste de 12,9% do botijão de gás, anunciado pela Petrobras no dia 10.

    A inflação está em um momento de inflexão, comenta o departamento econômico do Santander, para quem o IPCA-15 ficou em 0,39% em outubro. Se confirmada a projeção, o indicador acumulado em 12 meses aumentaria para 2,76%. A alta reforça o cenário de que a inflação nessa medida deve voltar a se aproximar do patamar de 3%, afirma o banco, encerrando 2017 em 3,2% e 2018 em 4,2%.

    Para a Mapfre, o IPCA terminará o ano com alta de 2,9%. “O quarto trimestre de 2017 possui viés de alta inflacionária”, afirmam os economistas da gestora, devido à trajetória esperada para os alimentos, que já apresentam reversão da tendência deflacionária, e para os preços administrados, como energia, gás de cozinha e taxa de água.

    Fonte: VALOR ECONÔMICO

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