Servidores acirram paralisações no Banco Central

    17.jul.2023

    Servidores do Banco Central decidiram recrudescer a operação padrão diante da intenção do governo em convocar concurso para a autarquia sem levar adiante o pleito da categoria de reestruturação da carreira.

    Em assembleia, o Sinal (Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central) decidiu retomar a operação padrão, que será intensificada a partir desta segunda (17).

    Segundo a entidade, atrasos e interrupções em diversos serviços do BC podem se tornar cada vez mais frequentes e se espalhar para departamentos ainda fora das paralisações.

    Uma das áreas que já está sendo afetada pela operação padrão do BC é o Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas (Lift Lab), um ecossistema de inovações financeiras e tecnológicas, coordenado pela Fenasbac e pelo BC, apoiado por empresas de tecnologia.

    O Lift, eleito um dos melhores laboratórios de inovação do mundo, desenvolve propostas de inovações para o Sistema Financeiro Nacional (SFN), beneficiando a sociedade e a economia.

    A publicação da lista de projetos selecionados, que estava prevista para ser divulgada no dia 03/07, foi adiada para fim de julho de 2023, impactando o cronograma inicial. O Lift também previa o início do laboratório dos projetos para 24/07, sendo que este está sem previsão de início.

    “Sem que a Fazenda abra um canal de diálogo com as entidade que representam o corpo técnico do BC, a atmosfera no BC tende a ficar insustentável, colocando em risco as entregas da autarquia à sociedade e o cumprimento de sua missão institucional, incluindo seu papel de regulador e fiscalizador do Sistema Financeiro Nacional e como gestor do STR, Selic e Pix”, diz Fábio Faiad, presidente nacional do Sinal.

    A associação agora tenta marcar uma audiência com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para tentar convencê-lo a propor uma medida provisória, ou projeto de lei, para a criação de uma retribuição por produtividade, nos moldes do bônus de produtividade dos auditores fiscais da Receita Federal.

    Recentemente, a ministra Esther Dweck (Gestão e Inovação em Serviços Públicos), que recebeu o Sinal para uma conversa, manifestou publicamente a discordância do governo com um novo plano de carreira para os servidores do BC.

    A principal mudança na proposta de reestruturação de carreira dos servidores do BC é a exigência de ensino superior para o cargo de técnico.

    Sem a reestruturação, o Sinal prevê um agravamento do quadro de desmonte da carreira de especialista do BC, que vem ocorrendo na última década, com reajustes abaixo da inflação e com as crescentes assimetrias em relação a carreiras congêneres (analistas).

    Com Diego Felix

    Fonte: Folha de São Paulo

     

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