Sindicato pede para que 500 servidores de chefia renunciem para pressionar governo a dar reajuste de 27% aos 3,5 mil funcionários; greve geral não é descartada
Servidores do Banco Central (BC) estão se mobilizando para entregar cargos de chefia e anunciaram que integrarão a paralisação convocada por diversos setores do funcionalismo federal para o próximo dia 18. As ações visam pressionar a autoridade monetária a reajustar o salário dos 3,5 mil funcionários. Em uma estratégia semelhante à feita por outros setores da administração pública nas últimas semanas, o Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal) lançou nesta segunda-feira, 3, um movimento para que 500 funcionários da autarquia em posições comissionadas entreguem os cargos nos próximos dias. A entidade pede aos substitutos destes servidores que também não aceitem a nomeação para a posição. De acordo com o presidente do Sinal, Fabio Faiad, estes cargos são responsáveis por uma série de aprovações e publicações oficiais da autoridade monetária. “São eles quem autorizam que as tarefas sejam feitas. Sem esses cargos, publicações não serão realizadas e diversos processos não serão aprovados”, afirma.
Segundo a entidade, o salário dos servidores não é reajustado há três anos. O movimento pede aumento de 26,3%, o equivalente ao acumulado pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de janeiro de 2019 até o fim de 2021, mais a previsão de 5,02% para a inflação em 2022, segundo a mediana do Boletim Focus. Faiad afirma que a categoria está em contato com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, desde dezembro, mas que não houve retorno. Procurada pela reportagem da Jovem Pan, a autarquia afirmou que não vai se manifestar sobre a mobilização. De acordo com o sindicalista, as tentativas de contato serão retomadas nos próximos dias. Caso não haja avanço nas negociações, o sindicato afirma que deve promover uma paralisação geral sem tempo determinado ainda no final de janeiro ou em fevereiro. “A negociação [por reajustes] é um processo longo. Na segunda semana de janeiro vamos avaliar a situação”, afirma Faiad.
O Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), que reúne 37 entidades associativas e sindicais e representa mais de 200 mil servidores públicos, aprovou no fim de dezembro uma série de mobilizações em janeiro e em fevereiro para pressionar o governo por reajustes salariais. O movimento foi deflagrado após a aprovação de R$ 1,7 bilhão para aumento salarial de servidores da Polícia Federal (PF), Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Departamento Penitenciário Nacional (Depen). Na quinta-feira, 30, ao menos 951 auditores fiscais da Receita Federal entregaram cargos de chefia, segundo o balanço do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais (Sindifisco). De acordo com a entidade, mais de 90% do efetivo aderiram à paralisação. Em dezembro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, se mostrou contrário ao aumento generalizado dos servidores públicos e classificou a ação como uma “desonra com as futuras gerações”. O chefe da equipe econômica, no entanto, afirmou que a situação difere para alguns setores, que podem passar por uma reforma administrativa. “Eu entendo que é diferente do que está sendo conversado a respeito da reestruturação de uma carreira só. Isso já aconteceu antes, uma reforma administrativa de um determinado setor.”
Fonte: Jovem Pan