Por Eduardo Campos | De Brasília
O Sindicato Nacional de Servidores do Banco CENTRAL DO BRASIL (Sinal) entrou oficialmente no debate sobre a independência do BancoCENTRAL (BC), que tem gerado forte atrito entre Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB). Esse debate ganhou outra conotação na semana passada quando a campanha de Dilma Rousseff associou que um BC independente, conforme defendido por Marina, seria cooptado por banqueiros e que os trabalhadores poderiam ficar sem comida na mesa.
De acordo com o presidente do Sinal, Daro Piffer, há incômodo dos funcionários com a passividade do próprio BC diante desse episódio, já que a instituição não saiu em defesa do trabalho e do corpo técnico da instituição. “É compromisso da diretoria defender o órgão”, disse em conversa com o Valor PRO, serviço de informação em tempo real doValor.
Segundo Piffer, as duas candidatas tratam o BC como uma entidade amorfa, sem controle. “Somos retratados como marionete ou de banqueiros ou de políticos e não como um órgão de Estado”, disse.
Em nota oficial, o Sinal diz que “repudia veementemente as afirmações de ambas as candidatas que atentam contra a integridade moral e profissional do corpo funcional, há muito reconhecido pela ética e competência técnica no exercício de suas atividades, que culminam na defesa da estabilidade da moeda e na solidez do sistema financeiro”.
Ele lembra que o BC é uma autarquia e que tem prerrogativa de autonomia operacional. “Autonomia o BC tem”, diz Piffer, o que falta, segundo ele, é o Banco conquistar, finalmente, a autonomia financeira e administrativa, podendo repor seu quadro de funcionários sem mais precisar de chancela o Ministério do Planejamento.
Segundo Piffer, o BC é parte de um governo, portanto tem de estar ligado aos planos de um governo constitucionalmente eleito. Ainda assim, ele aponta que o BC tem um compromisso maior, que é assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda e a solidez do sistema financeiro.
O Sinal é pela autonomia e pela regulamentação do sistema financeiro, que está pendente desde a Constituição de 1988. Piffer lembra que o sindicato já fez sua proposta e até já apresentou um projeto de Lei (PLS 363/13) que traça linhas para a regulamentação.
Entre os pontos defendidos está a coincidência de mandato entre o presidente e diretores do BC com o do presidente da Republica.
Por meio de sua assessoria de imprensa, o BC, disse que “não vai comentar” a nota de repúdio.
Fonte: Valor Econômico