Com decisão, País perde um dos selos de bom pagador que detinha – ainda mantém os da Fitch e da Moody”s -, o que deve afastar investidores estrangeiros e aumentar a pressão sobre a presidente; discurso do governo é de que é possível dar a volta por cima
BRASÍLIA
A agência de classificação de risco Standard & Pooris rebaixou ontem o Brasil e tirou o grau de investimento, o selo de bom pagador que serve de referência para os investidores. Além de cortar a nota de BB+ para BBB-, a S&P manteve a perspectiva negativa, num sinal de que pode rebaixar ainda mais a classificação brasileira.
O rebaixamento era um risco iminente, especialmente depois que o governo enviou ao Congresso, há nove dias, uma proposta de Orçamento para 2016 com previsão de déficit. Mas o corte da nota veio antes do que esperavam o governo e os analistas de mercado e deve aumentar a pressão política e agravar a crise econômica.
Especialistas dizem que a decisão da Standard & Pooris deve levar a uma forte alta do dólar, queda na Bolsa de Valores e pressão por maior alta de juros pelo Banco Central. “O Brasil vai comer o pão que o diabo amassou”, disse a economista Mônica de Bolle.
A avaliação também é de que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que foi alvo de muitas especulações nos últimos dias, fica em uma situação mais frágil no governo.
Para o ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros, a pressão dos empresários sobre o governo será insuportável. “Acho que a Dilma terá de renunciar. E o capítulo final”, afirmou.
O governo reagiu ao anúncio do rebaixamento com um discurso de que é possível dar a vol-tapor cima. “Tenho certeza que a medida será revertida”, disse o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, em entrevista coletiva no início da noite.
Levy deu entrevista à Globo News à noite e disse que a economia não está à beira de uma crise, mas exige uma reengenharia. “Quanto mais rápido nos acertarmos, menos custos teremos no processo de transição.”
O Brasil ainda mantém a nota de grau de investimento por duas outras grandes agências de classificação, Fitch e Moody”s, mas o risco é grande que elas sigam o exemplo da S&P.
Fonte: O Estado de S Paulo