CRESCE OFERTA DE SERVIÇOS PARA QUE PEQUENAS EMPRESAS E AUTÔNOMOS RECEBAM SEM TER DE ALUGAR MÁQUINAS DE CARTÃO
Possibilidade de cliente pagar pelo celular e envio de link de cobrança são algumas das funcionalidades
FILIPE OLIVEIRA
LUISA LEITE
DE SÃO PAULO
Pequenas empresas e profissionais autônomos estão tendo acesso a mais opções para receber via cartão sem ter que pagar pelo aluguel de máquinas de pagamento.
Mais de cem companhias de tecnologia oferecem hoje aplicativos e ferramentas de pagamento por smartphone, buscando atender a um público que não é prioridade para grandes empresas do ramo, como Cielo, Rede e Getnet, afirma Boanerges Ramos Freire, sócio da consultoria Boanerges & Cia.
“A oferta para pequenos empresários não era adequada, era limitada, insuficiente, cara, muitas empresas ficavam quase à margem disso.”
A variedade e a funcionalidade dos novos métodos oferecidos são grandes.
O PicPay, por exemplo, permite que o pagamento seja feito pelo cliente a partir de seu smartphone, caso ele tenha o número de seu cartão cadastrado e o empreendedor use o serviço.
Ele ainda permite que trabalhadores autônomos ofereçam a opção de parcelamento aos clientes. Para isso, é cobrada uma taxa de 4,8% sobre o valor recebido.
Outros aplicativos, como Conta.Mobi, Moneto e Iugu, permitem ao empreendedor gerar links de pagamento, a serem enviados por e-mail ou WhatsApp. O cliente que recebe o link coloca os dados de seu cartão e paga como em uma loja virtual, sem necessidade de gerar boletos.
Também há empresas como Mercado Pago (da argentina Mercado Livre) e Pag-Seguro (que pertence ao UOL, empresa do Grupo Folha, que edita a Folha) que apostam em conectar novos modelos de maquininhas a smartphones de pequenos empreendedores.
A diferença em relação aos competidores tradicionais é que, em vez de alugar os aparelhos, pagando uma taxa mensal, o pequeno empreendedor os compra.
PINTORES E AMBULANTES
João Banzato, gerente de mobile do Mercado Pago, diz que o público-alvo é formado por empresários que estão começando ou que trabalham por conta própria, como pintores ou ambulantes que vendem na praia.
David Kallas, professor de empreendedorismo do Ins-per, recomenda que o empresário analise as taxas cobradas pelas empresas na hora de decidir por um serviço.
Ele recomenda buscar informações sobre garantias de recebimento para o empresário caso a empresa de pagamentos tenha problemas financeiros. Estar ligada a uma companhia maior é um bom indício, diz.
Também é importante observar serviços adicionais, como a possibilidade de antecipar recebimentos, fazer recarga de celulares, ter cartão de crédito ou conta digital ligada ao meio de pagamento, entre outros.
No caso da agência de marketing Hugny, a possibilidade de automatizar a cobrança de clientes foi o que levou seu presidente, Felipe Vanni, a optar pelo Iugu.
No serviço, é possível cadastrar envio de cobranças em datas predeterminadas, o que diminui o desgaste com o cliente, além de economizar o tempo gasto em ligações para os que atrasaram os pagamentos, diz Vanin.
“A empresa tem dez funcionários. Não temos um departamento de cobrança para ficar procurando os clientes. E, como o sistema é automatizado, o cliente não se ofende de ser cobrado.”
AGILIDADE
Djan Bastos, proprietário do Café Bamboo, em Vitória, no Espírito Santo, aderiu ao PicPay há quatro anos.
De acordo com o empresário, os apps de pagamento possuem duas grandes vantagens em comparação com a máquina de cartão de crédito tradicional: a facilidade que a interface oferece ao pequeno empreendedor e a agilidade na hora do pagamento.
“A taxa acaba sendo similar às das bandeiras de cartão de crédito e débito, mas o controle pelo app é muito mais fácil. Consigo acompanhar os pagamentos em tempo real por celular”, diz.
O estabelecimento, que também usa as antigas maquininhas, recebe hoje cerca de 10% dos pagamentos pelo serviço via smartphone.
A rapidez com que o pagamento é feito pelo aplicativo também foi apontada como vantagem, pois ajudou a melhorar o serviço de atendimento, afirma o empresário.
“O garçom não tem que pegar a maquininha, processar o pagamento ou ir buscar o troco. É como se eu tivesse um atendente a mais servindo os clientes eliminando todo esse processo”, diz.
Fonte: O Globo,