Técnicos do Banco Central dizem que serviços estão comprometidos e cobram contratações

    BRASÍLIA – Com dificuldades na área fiscal, o governo federal autorizou nesta sexta-feira o Banco Central a contratar apenas 250 novos técnicos dos mil aprovados no último concurso da instituição. Mesmo com o novo contingente, 2.286 vagas continuarão vazias. Os analistas do BC dizem que a instituição está perto de uma crise de Recursos Humanos. Com o apoio dos concursados, criaram um movimento nas redes sociais para que ao Ministério do Planejamento libere mais cargos: #liberabelchior.

    A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, entretanto, não atendeu os apelos dos internautas de autorizar pelo menos 750 vagas. Com isso, o BC continuará com o menor quadro de funcionários desde 1975.

    — Estamos na iminência de uma crise de RH e o mercado não percebeu o risco que a gente está enfrentando. Na hora de controlar a inflação, quanto menos análise a gente tiver, podemos dar um remédio além da dose e causar recessão no país — alertou Max Meira, presidente da sessão regional de Brasília do Sindicato dos Funcionários do BC.

    Meira lembra que, enquanto o quadro de funcionários fica cada vez mais vazio por causa das aposentadorias, as responsabilidades do Banco Central só aumentam. Nos últimos anos, a autarquia passou a fiscalizar áreas como cartão de crédito, factory e ainda a criação de novos meios de pagamentos como o mobile payment (quando o telefone celular funciona como carteira eletrônica).

    — Estamos numa situação difícil e com aumento de atribuições. Temos trabalhos descontinuados. Não tem gente para, por exemplo, operar uma máquina de imprimir dinheiro no Pará.

    A assessoria do BC nega que serviços foram descontinuados, mas admitiu que maquinário ficou parado por falta de pessoal. Ainda confirmou que a situação é a pior dos últimos vinte e nove anos.

    “A gestão tem buscado racionalizar a alocação de RH de sorte a não comprometer a continuidade das atividades essenciais”, disse o BC ao GLOBO. “O quantitativo atual é, de fato, baixo e as aposentadorias potenciais são significativas. Mas a expectativa é que se consiga complementar o quantitativo homologado para o concurso/2014 (500 servidores) ainda no próximo semestre, mitigando riscos eventuais”.

     

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