Tombini vê recuperação em 2016

    Presidente do BC diz que ajuste fiscal deve ser adotado de forma completa para que país tenha crescimento sustentável

    O cenário econômico desfavorável deste ano não impedirá a inflação de voltar ao centro da meta em 2016, acredita o presidente do Banco CENTRAL (BC), ALEXANDRE TOMBINI. Durante conferência organizada pelo Banco Goldman Sachs, ontem, em São Paulo, ele reforçou o discurso de que 2015 será um ano de transição e de que os ajustes que estão sendo feitos pelo governo são necessários para a “retomada do crescimento econômico sustentável à frente”.

    Em um discurso voltado para uma plateia de banqueiros e investidores, redigido em sete páginas, TOMBINI assinalou que a política monetária está e continuará “vigilante” para garantir que os ajustes como a recomposição de tarifas públicas, não sejam repassados integralmente à inflação. Segundo o presidente do BC, a alta mais forte do custo de vida – que vem sendo pressionado também pela valorização do dólar – vai se concentrar neste primeiro trimestre de 2015, abrindo espaço para um arrefecimento dos preços a partir do início do ano que vem. 

    TOMBINI observou que o fortalecimento da divisa norte-americana ocorre em todo o mundo, motivado pela recuperação da economia dos Estados Unidos. O dólar, disse ele, alcançou o maior patamar dos últimos 12 anos e mostrou valorização de 25% frente a uma cesta das seis principais moedas do mundo somente nos últimos 12 meses. 

    O pronunciamento, porém, frustrou a plateia ao não trazer sinais mais claros sobre a decisão que o que o BC vai tomar a respeito dos swaps cambiais, as operações equivalentes à venda de dólares no mercado futuro que vem sendo realizadas desde agosto de 2013 para conter a alta do dólar. 

    O programa, que deveria ter terminado no fim do ano passado, foi prorrogado até o próximo dia 31. O prazo vai expirar em um momento de forte valorização da moeda norte-americana. O presidente do BC limitou-se a dizer que a questão será decidida “nas próximas semanas”. Para analistas, embora possa ter contribuído para “assegurar a estabilidade financeira”, como sustenta TOMBINI, o programa não tem mais como continuar, uma vez que a munição do BC, que já comprometeu US$ 115 bilhões nessas operações, está chegando ao fim. 

    Ação coordenada

    De acordo com o presidente do BC, a convergência da inflação para o centro da meta, de 4,5%, no próximo ano, será assegurada pela atuação coordenada das políticas monetária e fiscal. Em meio às incertezas quanto à concretização do ajuste das contas públicas anunciado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, o presidente do BC ponderou que “o amplo, profundo e consistente conjunto de medidas do governo federal” poderá contribuir para aumentar a potência da política monetária e, assim, combater a inflação. Com uma condição, acrescentou: “se adotado de forma completa e inequívoca”. 

    Ao defender e mesmo enaltecer o fortalecimento da política fiscal, ele fez questão de deixar claro que não o fazia pela primeira vez. “Como mencionei em outras oportunidades, entendo que um processo consistente e crível de consolidação de receitas e despesas, rigorosamente conduzido, facilita, ao longo do tempo, a convergência da inflação para o centro da meta”, insistiu.

     

    Fonte: Correio Braziliense

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