Yellen continuará cortes no Fed

    Yellen disse acompanhar turbulência nos emergentes e afirmou que retirada dos estímulos deve prosseguir

    Liana Verdini

    Alguns países emergentes — entre eles Brasil, Turquia, Indonésia, Índia e África do Sul, os mais afetados — precisam implementar reformas monetárias, fiscais e estruturais para ajudar a reduzir suas vulnerabilidades e colocá-los em uma base mais firme e mais resiliente a choques econômicos. É o que aponta o primeiro Relatório de Política Monetária entregue pela nova presidente do Federal Reserve (Fed), Janet Yellen, ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos. Ela defendeu a continuidade da política monetária em vigor e a retirada gradual dos estímulos à economia dos EUA. 

    Na primeira parte do documento de 58 páginas, o Brasil é citado algumas vezes, para lembrar do aumento da inflação, da alta dos juros e da desvalorização do real, tudo depois que o Fed acenou com o início da redução dos estímulos à economia. Qualificado pelo Fed como um dos “emergentes vulneráveis”, o Brasil, afirma o relatório, registrou aumento dos juros da dívida soberana e do estresse no mercado financeiro coma saída de investidores estrangeiros. Yellen disse que “observa atentamente” a situação mas avaliou que essa recente volatilidade “não significa um risco substancial à economia norte-americana”. 

    Duas semanas após sua posse, a nova presidente do Fed defendeu a continuidade da política monetária, lembrando que a recuperação do mercado de trabalho permanece incompleta. “Espero em grande parte uma continuidade da política monetária”, disse em sua primeira declaração pública à frente do banco central. “Trabalhei no Comitê (Fomc) enquanto se formulava nossa atual política estratégica e apoio fortemente essa estratégia”. Yellen destacou que o Fed espera que a economia norte-americana registre um crescimento “moderado” no período 2014-2015, com uma inflação controlada. 

    Ela afirmou também que o Fed continuará “provavelmente reduzindo a compra de ativos”. O banco central norte-americano começou em janeiro a reduzir a injeção de liquidez no mercado financeiro —primeiro de US$ 85 bilhões por mês para US$ 75 bilhões no mês passado e agora para US$ 65 bilhões por mês. Essa foi a resposta a uma relativa recuperação econômica. Mas alertou: “A recuperação do mercado de emprego está longe de estar completa”. Fazendo alusão ao alto número de desempregados de longa data e ao alto número de pessoas que trabalham em tempo parcial, Yellen sinalizou que o Fomc não começará a ajustar ou aumentar sua taxa básica de juro, atualmente em 0,25%, mesmo que o nível de desemprego caia a 6,5%. 

    Segundo ela, reduzir esse objetivo “não desencadeará automaticamente um aumento da taxa”. Yellen também destacou que as pressões inflacionárias são fracas e sugeriu que os riscos de deflação são escassos. Ela considerou que a recente fragilidade é provavelmente transitória, em grande parte, provocada pela queda dos preços do petróleo e outras commodities. A inflação está em 1%, longe do objetivo do Fomc de 2%. Contudo, Yellen alertou ao Congresso que a política monetária não é o remédio para sustentar a atividade econômica e pediu ao parlamentares para agirem.

    “Tentamos fazer o que podemos coma política monetária para sustentar uma recuperação econômica mais rápida”, porém “a política monetária não é uma panaceia”, alertou. “Acredito que é muito oportuno que o Congresso considere outras medidas” para reduzir o desemprego, disse ela, acrescentando que as dificuldades econômicas “levaram a um crescimento quase nulo dos salários”, para as classes de rendas baixas e médias. “Observamos um aumento das desigualdades”, acrescentou Yellen, insistindo na necessidade de melhorar a formação dos trabalhadores.

     

    Fonte: Brasil Econômico

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