Edição 84 - 10/09/2019

NÃO ESPERE A ÁGUA FERVER!!!

Enquanto cada vez menos gente acredita no Governo,  no Serviço Público a água está esquentando  e os sapos cozinhando

Bolsonaro ataca Sindicatos para impedir organização popular contra suas políticas

Reza a lenda que se o sapo for jogado num pote com água fervendo, saltará para fora no mesmo instante; mas se colocado um sapo num pote de água fria em cima de fogo aceso, o sapo ficará na água, acostumando-se com o aumento da temperatura … até ficar cozido.

Que o ser humano se acostuma com adversidades é um fato de que ninguém duvida, mas fazer as pessoas se acostumarem com toda sorte de privações, e passivamente, pressupõe destruir previamente tudo aquilo que possa ser utilizado para canalizar a sua revolta e a sua dor pela perda da sua dignidade.

Desde o seu início, o Governo Bolsonaro se apresentou, sem meias palavras, como um Governo de direita (saudosista da ditadura militar), e que defende, como sua utopia social, uma economia liberal lastreada no agronegócio e uma sociedade conservadora lastreada em preceitos religiosos, e, por fim, uma prática política autoritária e excludente, em que apenas são ouvidos os sons que vêm do seu círculo íntimo, da caserna e dos seus “ideólogos” de algibeira.

E os demais…ou se enquadram ou são simplesmente perseguidos, sem floreios. Os Servidores Públicos, com exceção dos militares, estão no rol dos inimigos.

Como atacá-los é simples, está em qualquer manual militar: quebre a principal linha de oposição organizada e o resto se desmanchará. Ninguém duvida que, no caso dos trabalhadores, estas organizações são os Sindicatos que nasceram dentro das respectivas Categorias.

A ofensiva do Governo contra essas Entidades Sindicais se deu imediatamente com a MP 873, que tinha como objetivo enfraquecer o seu sustento, e com elas as críticas e articulações populares contra as alterações nas reformas que suprimiam direitos.

A revogação da MP pelo Congresso apenas atiçou a luta para que os Sindicatos fossem privados de qualquer espaço para discussão ou divulgação da luta sindical.

O Sinal, infelizmente, já sente isto na carne.

A estratégia é simples: sem defesa sindical e institucional, o trabalhador ficará em uma posição vulnerável perante seu patrão, já que deverá se expor pessoalmente perante o empregador para reivindicar o seu direito.

Esta é a típica medida antissindical que a Organização Internacional do Trabalho (OIT) atua para coibir.

Toda a legislação trabalhista legítima deve proteger o trabalhador de não se expor a retaliações devido a sua opção sindical. Se sindicalizar é um direito dele. As retaliações podem ir da estigmatização na carreira, a penalização por participação em eventos sindicais e até a própria demissão no caso de falta de estabilidade.

A Reforma Administrativa se aproxima.

Novamente a mensagem é a de que as principais mudanças só acontecerão com os futuros Servidores, para os Servidores da Ativa de hoje sendo modificadas  apenas questões pontuais de eficiência e organização.

É preciso reorganizar o trabalho sindical para fazer frente a esse tipo de ataque.

Os Servidores têm que compreender que o tempo é adverso, que exige um tipo de trabalho de associação, de solidariedade, de adesão à organização sindical de outra qualidade, de outro tipo daquele que prevalecia até então. Há uma mudança importante a ser processada e que precisa ser acelerada.

Colegas que não apoiam o seu Sindicato, por considerarem que o seu destino já está assegurado, brincam com o seu próprio futuro.

Eles esperam que os Servidores fiquem tranquilos em suas confortáveis banheiras de água morna…

Acreditamos que não.

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