Edição 28 – 8/3/2016

8 de Março


Quando as mulheres do mundo todo comemoram o seu dia e relembram a trágica incineração das operárias estadunidenses, que lutavam por jornada e demais condições de trabalho compatíveis com a sua condição feminina, trazemos às leitoras e leitores a entrevista exclusiva com a presidente da Federação Democrática Internacional de Mulheres, Márcia Campos. A FDIM integra mais de duzentas organizações nacionais femininas de 139 diferentes países, nos cinco continentes. Pelo Brasil, estão a Confederação das Mulheres do Brasil, a União de Mulheres do Brasil e o Centro Informativo da Mulher.

FDIM

Apito Brasil – Como primeira brasileira a presidir a FDIM, criada logo após a segunda guerra mundial, o que você pode nos contar sobre o 8 de Março pelo mundo afora?

Marcia Campos – Neste 8 de Março as mulheres, em várias partes do mundo, estarão nas ruas lutando contra a política neoliberal que flexibiliza direitos e impede que avance a luta por salário igual para trabalho igual, defendida por nós, pela ONU, OIT e inclusive pelo Papa. Lutaremos pela conquista da aposentadoria mais cedo, em média 5 anos, em relação a aposentadoria dos homens. Um reconhecimento social à maternidade e as responsabilidades que ela acarreta para a Mulher. Lutaremos contra a fome e a miséria em várias partes do mundo. Somos solidárias aos imigrantes que sofrem agressões ao fugir de guerras e conflitos em seus países invadidos e ocupados. Somos solidárias às mulheres de todos os países, mas em especial às daqueles vítimas de agressão externa, que trazem mais sofrimento a seus habitantes.

Nesse 8 de Março vamos reafirmar nosso compromisso com a Paz Justa, Igualdade de Direitos, Soberania e emancipação plena das mulheres.

No Brasil defenderemos a reconquista do que perdemos, como a pensão das viúvas, lutaremos para manter a aposentadoria da Mulher nas regras atuais, pelo enfrentamento rigoroso da Zica e dengue, por trabalho decente. Pela igualdade no salário para o mesmo trabalho realizado pelo homem. Hoje, por aqui, seguimos ganhando em média 15% menos que o homem, em algumas categoria quase 28% a menos.

AB – O que as mulheres brasileiras ainda precisam alcançar, para que seus direitos sejam iguais aos dos homens?

MC – Nos dias de hoje, vemos se afastar mais de cada mulher a igualdade de direitos. Quando se pensou em diminuir Ministérios, o primeiro Ministério a ser extinto foi o da Mulher, sinalizando para a sociedade que tem um valor menor as políticas públicas para as mulheres. Em São Paulo foram fechadas 19 maternidades no ano passado, sinalizando para a sociedade que, com menos leitos, precisaremos manter a cesariana como método único de parto. A recente crise econômica afeta a todos os trabalhadores brasileiros e as mulheres, por ocupar menos espaço na sociedade, na política, no trabalho, acabam sendo atingidas de uma forma que as relega ainda mais a situação de cidadãs de segunda categoria, a permanecerem escravas do lar. Nosso empenho é seguir lutando para reverter essa situação.

AB – Qual a sua mensagem para as servidoras públicas e  as mulheres do Banco Central?

MC – A luta das trabalhadoras do Banco Central passa por garantir seu acesso a postos de direção, de comando. Para isso, elas são inúmeras vezes mais exigidas a mostrar sua capacidade que o homem, pois o que prevalece ainda é o preconceito contra a capacidade da Mulher. A luta e principalmente a vitória das mulheres do Banco Central passa por afirmar sua auto estima, acreditar que somos capazes, A igualdade no trabalho, levando em conta nossas diferenças, é justa e necessária para sermos cidadãs de primeira categoria. Essa luta será vitoriosa, pois a cada dia cresce o compromisso dos e das dirigentes sindicais, dos sindicalistas com a igualdade entre trabalhadores e trabalhadoras.

Mazelas globais que afetam a todos, mas mais severamente às mulheres:

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Fonte: Federação Democrática Internacional de Mulheres

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