Edição 176 – 9/11/2015
“A Corrupção e o Sistema da Dívida”
Nos dias 30 e 31 de outubro, aconteceu em São Paulo, o Seminário Nacional “A Corrupção e o Sistema da Dívida” quando estiveram presentes os Conselheiros do Sinal São Paulo, Cleide Napoleão, Semíramis Wizentier, Natalino Sakamuta e Aparecido Sales. O evento contou com 400 participantes nos dois dias, representando diversos estados do Brasil.
O seminário reuniu palestrantes e especialistas de reconhecimento nacional na sua área de atuação, como os deputados federais Luiza Erundina (PSB/SP) e Ivan Valente (PSOL/SP); a professora e historiadora Raquel Varella, vinda diretamente de Portugal; o vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás, Fernando Siqueira; os economistas Plínio de Arruda Sampaio, também diretor do Correio da Cidadania, e o professor-doutor Marco Ferreira; os professores universitários Francisco Inairo Gomes e Antonio Lacerda; e outros especialistas da área do direito, jornalismo, comunicação e movimentos sociais.
Corrupção institucionalizada e o sistema da dívida
O primeiro painel abordou a “Corrupção Institucionalizada e o Sistema da Dívida”, oportunidade em que a coordenadora do núcleo paulista, Carmem Cecilia Bressane, demonstrou que a dívida paulista, de 1998 a 2014, passou de R$ 46 bilhões para R$ 200 bilhões, mesmo com o pagamento em dia de todas as parcelas.
Para onde vai a Europa?
Na sequência, Raquel Varela, doutora em História Política e Institucional pelo Instituto Universitário de Lisboa abordou a questão da dívida pública europeia, retratando como a corda arrebentou nos países onde havia menos capital para salvar os bancos europeus, caso de Grécia e Portugal. A historiadora afirmou que há uma absoluta dominação do Estado por parte do poder econômico. “Cada vez pagamos mais e cada vez devemos mais”. Definindo a situação grega como catastrófica sob o ponto de vista econômico e social, disse que “Não é aceitável viver em um mundo assim. A nossa bandeira tem que ser a luta pela transparência nas contas públicas e pelo pleno emprego. Não é aceitável viver assim. A dívida pública deveria ser abraçada por todos os trabalhadores. Temos que transformar a esperança em algo viável e não o desespero em algo convincente”.
Petróleo – luta que perdura
O vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET), Fernando Siqueira, afirmou que o tema Petróleo é de suma importância, pois com as recentes descobertas do pré-sal, o país passou da 17ª reserva mundial em petróleo para a 3ª colocação podendo, inclusive, alcançar a primeira colocação nos próximos anos.
O palestrante mostrou como a mídia “domesticada” distorce informações a respeito da Petrobrás e sua importância estratégica nacional. Defendendo os mais de 60 mil funcionários que realizam seus trabalhos de forma séria diariamente, afirmou que os casos de corrupção descobertos não atingem a grande maioria dos funcionários. “Nosso país é o mais rico do mundo e só não se viabilizou ainda por conta da corrupção”, destacou o vice-presidente da AEPET.
A Corrupção e o Sistema da Dívida
Encerrando a primeira noite, Maria Lucia Fattorelli, Coordenadora Nacional da Auditoria Cidadã da Dívida, afirmou que, segundo dados apurados a partir dos organismos oficiais, até o dia 30 de outubro, a dívida federal já consumiu, somente em 2015, mais de R$ 939 bilhões. “O Brasil é certamente o país mais rico do mundo, em recursos minerais e pela grandeza do seu povo. Estamos vendo uma crise econômica seletiva, onde o setor produtivo não consegue produzir, mas os bancos batem recordes de faturamento. Só no ano passado foram mais de R$ 80 bilhões de lucro no setor bancário. Não podemos mais aceitar esse paradoxo, de sermos uma das maiores economias do mundo e estarmos na lanterna de índices de educação e desenvolvimento humano. É evidente que o sistema da dívida tem atuado como um sistema de subtração de recursos nacionais para rolagem da dívida. O modelo econômico, os privilégios financeiros, o sistema legal e político, permeados pela corrupção e blindados pela grande mídia têm permitido com que o sistema da dívida se mantenha. Contudo, pelo conhecimento e com a força da verdade nós conseguiremos fazer com que o Brasil saia adiante e desenvolva todo o seu potencial”, apontou Fattorelli.